A falta do gol final e a tragédia do cagaço iminente

O que parece ter faltado ao Santos ontem é a frieza do assassino. Ao time de Neymar, não sobrou rebolado, não faltou raça, nem determinação: porém, quando ao lado do atacante da Seleção Brasileira está um rapaz que atende pelo nome de Zé Eduardo – e que é mais conhecido como Zé Love – é impossível dizer que é um time completo. O Santos de Muricy é um grande time e um dos favoritos para conquistar a Copa, mas poderia, em um gol final, ter encaminhado uma contenda que será duríssima em La Olla.

O Santos conhecia o Cerro, o Cerro também, e ainda assim Astrada ignorou os pedidos dos deuses do futebol em escalar o veloz e ousado Iturbe na partida. É verdade que Jonathan Fabbro fez uma boa partida, mas a estrela da seleção sub-20 argentina que já está vendida ao Porto poderia ser fundamental para os contra-ataques que o Cerro se dispôs a usar. Com Fabbro e Julio dos Santos, o Cerro chegava com algum perigo e com muita lentidão. Enquanto isso, o Santos adiantava a defesa e tentava o ataque com fluidez.

Só que, Zé Eduardo. O ruivo que um dia causou polêmica no Twitter, que outro dia foi dispensado de um Grêmio recém saído da segundona, e que em outro dia ainda passou a jogar no comando do ataque do decantado como ‘melhor time do Brasil’, Zé Eduardo é um jogador…insuficiente. Não é ruim, mas é insuficiente para o trabalho que ele tem que ter, ou seja: fazer os gols de um Santos prestes a ganhar a América e virar o jogo do Brasil contra o Mazembe no Mundial de Clubes. Ele não deixou de tentar – de longe, de perto, de costas – mas estava bem longe de conseguir, contra a defesa bem armada do Cerro. Precisou Neymar romper a defesa com dois dribles e cruzar para o meio da área, onde estava um improvável Edu Dracena, para que o Santos abrisse o placar no Pacaembu. Zé Eduardo, esse abnegado pelo gol ausente a infinitos minutos, ainda tentou cabecear a bola depois dela já ter entrado e comemorar sozinho, tentando enganar a realidade e a súmula.

O jogo não foi fácil. Quando chegava, o Cerro produzia algum perigo: tanto que logo depois do gol, uma cabeçada de dentro da área obrigou Rafael a fazer grande defesa. No segundo tempo, o Cerro se postou mais à frente, mas a boa marcação do time de Muricy Ramalho fez com que as chances cerristas fossem travadas. Ao final da partida, Leonardo Astrada comemorou o fato de que o Santos ‘não passou por cima’ e se disse confiante em uma virada em La Olla.

Na Libertadores, sabemos que o ambiente, o clima, a vontade, o sangue e o suor geralmente superam a qualidade técnica. Sem Ganso e com Zé Eduardo, o Santos demonstrou que não é um time assim, tão superior ao Cerro Porteño. A menos que Neymar, novamente, consiga desequilibrar.

Até a vitória,
Luís Felipe dos Santos