Posts filed under ‘Confesso que sequei’
Confesso que sequei (e não adiantou nada) o Flamengo: 1978-1983
Não descarto completamente a violência como método de ação.
Durante a infância, por exemplo, participei ao longo de anos de protestos contra o Instituto Pio XI, colégio da zona norte do Rio, cujo ônibus, passando na minha rua sempre por volta das seis da tarde, nunca escapou de, além dos palavrões, ser atingido na sua lataria de ferro pintada de azul escuro por uma bola dente de leite, algumas vezes por mim arremessada. Por estarmos na ditadura, é de se imaginar que as manifestações pediam a volta da democracia ou denunciavam a luta de classes. Mas a verdadeira razão era que no colégio Pio XI estudava Luiz Antonio, que mudou de time. (mais…)
Confesso que sequei – o Atlético-MG
É coisa até meio estranha para um cruzeirense tentar exercer a arte da secação ao rival. Na verdade, é difícil não reconhecer a cristalina superioridade dos torcedores do clube de Lourdes em sua dedicação ao objetivo de tornar mais áridas as margens opostas da Lagoa da Pampulha. Apenas para ilustrar tal constatação, faço notar, àqueles que se espantaram com a flâmula preta e branca adornando o desfile vitorioso dos pinchas em La Plata, que até outro dia ainda era possível ver uma bandeira amarelo-limão do Borussia Dortmund na torcida atleticana, nos dias de clássico no Mineirão, e sempre no mesmo lugar, comprovando que não se tratava de um fanfarrão mais desmiolado e sim de uma deliberada postura institucional de valorização dos feitos alheios, sempre em nome da rivalidade local. (mais…)
Confesso que sequei — a seleção brasileira
Nunca fui um ENXUGADOR muito interessado e eficiente, talvez por ser um colorado nascido na gloriosa década de 70 mas inevitavelmente humilhado nas duas décadas seguintes, quando secar o principal adversário era uma atividade, além de INSALUBRE, inútil. Além disso, o DESDÉM sempre me pareceu muito mais digno do que o resoluto desejo pela desgraça alheia — cuja energia negativa, todos sabem, DÁ CÂNCER. Dito isso, fica evidente que esta análise é muito mais CIRCUNSTANCIAL do que uma secação legítima [é claro que alguma simpatia pelo adversário também ajuda]. Assim, passo a abordar uma arte que pode ser considerada um sacrilégio para um torcedor estrangeiro que não conheça o Galvão Bueno: secar a seleção da CBF, também conhecida como “brasileira”. (mais…)
Confesso que sequei (pouco) o Bahia
Saio desta minha vida de obsequioso silêncio para entrar nesta história (chupa, Getúlio!) com a seguinte e primeva confissão: por um grave defeito de caráter, sequei o Bahia poucas vezes. Na verdade, na verdade (alocução muito usada por Jesus Cristo e por advogados quando vão começar a mentir) minha falha ética não é tão severa assim. Apenas disse isso para tentar oferecer uma dramaticidade canalhamente nelsonrodrigueana nesta nova série do INOLVIDÁVEL Impedimento. (mais…)
Confesso que sequei – o Fluminense
Um lado triste de eu ter existido os primeiros 7 anos de minha existência em Mandaguari, Paraná, é PRATICAMENTE não ter vivido na pele minhas primeiras EMOÇÕES enquanto torcedor – fossem prós ou contras. Foi somente após meus pais retornarem ao Rio de Janeiro, onde haviam se conhecido, que o Flamengo se tornou VERDADEIRAMENTE parte integrante do meu CARÁTER. (mais…)
Confesso que sequei – o Corinthians
Vida de torcedor no “eixo” não é moleza. Além de ser sempre acusado pelo resto do País de contar com a ajuda da arbitragem, é preciso se desdobrar para exercer a contento a sublime arte da secação. Na década de 80, por exemplo, a cada uma das incontáveis decisões entre Corinthians e São Paulo, o pobre palmeirense, além de sofrer com a fila cada vez maior, ficava sem saber qual dos dois rivais secar. Restava sempre, é claro, a torcida por um teste nuclear norte-coreano nos arredores do Jardim Leonor*, ou pela segunda vinda de Cristo, mas no fim acabávamos com a dor de ver um dos rivais fazendo a festa. (mais…)
Confesso que sequei – Até que o vermelho fique marrom
Sou guri novo nesse negócio de secar o Inter. Até porque, convenhamos, nunca foi lá muito necessário. Por muito tempo, ver o coirmão atuar era como assistir a uma videocassetada: todo mundo alegre e feliz, segundos antes de quebrar a cara. E se tu não assistes, eles irão quebrar a cara mesmo assim. Logo, pouco importa. (mais…)
Confesso que sequei – o Grêmio
COMPELIDO pelo furor deste momento EMBUCHADO de decisões que afetam a NOSOTROS todos, não me resta outra alternativa que não confessar: pequei, vivi, traguei, estraguei e, sim senhores, não me envergonho de bradar como um comprador de ouro na Rua da Praia: eu SEQUEI o Grêmio. (mais…)