A tarde dos escolhidos

O maior privilégio possível na vida de qualquer andarilho de botecos é poder assistir ao jogo num bar fechado. Não figurativamente fechado por mim, claro, que mal tenho ferro pra pagar minha própria CONSUMAÇÃO, mas pelo dono do bar, que no intervalo cerrou as cortinas metálicas e se colocou a entornar metros cúbicos do musgo doirado que AÇAMBARCA nossas almas inúteis nesses domingos CHUMBADOS de Porto Alegre.

O necessário resquício de razão

Como contou o texto do Luis Felipe da última quarta-feira, o Rosario Central foi rebaixado para a Nacional B depois de ser goleado pelo All Boys (3-0), dentro do Gigante de Arroyito. No mesmo dia – a confirmação só surgiu na quinta-feira – ocorreu o verdadeiro desastre relativo à queda de categoria: Juan Pablo Dandreta, de 23 anos, se suicidou três dias após o descenso do Central. Desde o domingo, dia da última partida do clube, Juan se encontrava em um forte quadro depressivo.

Fossati tem que se demitir

Jorge Fossati tem que sair do Inter. De preferência, amanhã. Ou ontem. Não sou nunca a favor da demissão de um treinador – ele tem que se demitir, ir embora, deixar o FGTS de troco para o taxista. Fossati tem que ir embora porque teve o azar de pegar o Internacional como seu clube, e o Inter precisa sempre de grandes e vistosos times cheios de craques para ganhar qualquer coisa. Se não há nenhum craque, a culpa é dele. E se a culpa é dele, tem que sair.

Deliberações sobre facilidades inesperadas

E então me aparece um Grêmio amplamente esgualepado, com uma zaga que não mete medo nem ali na penitenciária feminina, e ao natural mete uma goleada no OUTRORA alardeado Avaí, mostrando que este campeonato tem a doce qualidade de jamais ser coerente. Só para lembrar, o último campeão foi o FLAMENGO, uma espécie de PARÁBOLA do futebol nacional – ziriguidum, modorra e algum futebol vistoso.

Juntando os destroços para seguir em frente

No domingo, o Rosario Central foi rebaixado para a segunda divisão argentina. Perdeu a série de Promoción (que deveria acontecer também por aqui) para o All Boys, tradicional clube que passou muitos anos na B Nacional antes de ter essa oportunidade, cumprida com galhardia – 3-0 em pleno Gigante de Arroyito e finalmente, a glória alcançada. No Central, além da torcida quebrar toda a área de fast-food e tentar roubar as TVs de LCD dos camarotes (única atitude digna), renunciaram presidente e treinador, deixando o clube sem rumo e sem cabeça.

Já no fim do matagal

Enquanto a arbitragem, que avacalhou o jogo todo, sai do campo escoltada por uma furiosa Brigada interiorana, a torcida, chamuscada pela raiva, atira montanhas de cascas de amendoim nos merecedores. Quis o destino e as tabelas e o fluxo das coisas deste mundo que o cenário descrito acima – melhor pela foto que pelo texto – está, já, com dias contados. A Segundona Gaúcha, o mais honroso dos redutos futebolísticos da metade sul do mundo, já se encaminha para a fase final – duas equipes já estão definidas, e outras três brigam pelas duas últimas selas no quadrangular decisivo.

Subsídio para ludibriar Mandela

Amanhã, todas as avenidas vicinais, principais e paralelas de Porto Alegre levam ao lançamento de A Copa que interessa, de Eduardo Menezes, projeto desenvolvido mentalmente durante um punhado de anos e escrito em cerca de 40 dias, o que sem dúvida é um bom indício.

As torcidas mais felizes do campeonato

Em que pese o líder do campeonato ser o Corinthians, com aproveitamento irretocável após três rodadas, devemos todos reconhecer o fabuloso começo de competição de Ceará e Avaí, provenientes de centros não tão tradicionais no futebol brasileiro e ainda acostumando-se aos encantos da primeira divisão.

No sufoco, nas fraldas, na mística

Giuliano. Camisa 11, como Nilmar em 2008. No sufoco, como foi em 2008. Mais uma vez, nos pés de um guri, que parecia fazer as coisas de fraldas, quase chorando, caindo, pernas frágeis, nada a ver com o contexto de uma Copa Libertadores. Destino fatal que retira da Libertadores o Estudiantes, a Argentina, a mística de Verón, a grosseria de Desábato. Que noite de Copa foi essa, senhores!

Não há como traduzir

Milhares de ouvintes (na verdade, três) têm ligado insistentemente para esta impoluta emissora cobrando um pronunciamento sobre a inolvidável peleja de ontem à noite entre o brioso Vitória x Atlético (GO).

A beleza da Copa

Caso o Flamengo alcance a façanha de patrolar a Universidad do Chile em Santiago nesta quinta, duvido que qualquer voz dentro do noticiário esportivo nacional irá contestar a justiça da passagem rubro-negra rumo às semi-finais da Copa. Deverá ser o contrário: exaltações ao elenco rubro-negro, ao técnico interino que soube anular o adversário, ao moral do time que cresce nas horas decisivas e adversas. E será tudo mera balela.

Aos 25 do segundo tempo, EDU DRACENA conclamou a torcida

Quem esperava um passeio do Santos sobre o Grêmio nunca sequer observou mesmo que remotamente uma bola ou está se candidatando a uma vaga de auxiliar de redação no Cirque du Soleil. Como era esperado, os Miquinhos Amestrados de Dorival “João Penca” Júnior tiveram extremas dificuldades e venceram graças à interferência do acaso.

Mais que um campeão, um gigante acordado

O título conquistado pelo Peñarol nessa terça-feira é simbólico, mais pelo significado da campanha do que pela taça em si. A taça é a coroa que faltava para um time que ressurgiu nos últimos cinco meses, assim como os números brancos na camisa jaldenegra, e que fazem sua torcida sonhar como nunca foi capaz desde que Bengoechea levantou a mão espalmada com os dedos abertos, em 1999.

O melhor é não esquecer

Antes de mais nada, é preciso que é difícil livrar-se das AMARRAS do passado. Muitas vezes encontramo-nos na condição resoluta de ESCRAVIDÃO, glorificando-o em cada RÉSTIA de memória digna de ser celebrada. Muito poucas passagens foram, de fato, brilhantes. Mas, filosofemos com a glória dos inúteis, o passar do tempo é um photoshop que alisa todas as rugas.

Quilmes va a volver, va a volver

Seis partidas sem vitória e um empate virgem em casa contra o não tão tradicional Belgrano poderiam servir de combustível para a torcida local achincalhar o técnico Jorge Ghiso, após o silvo final do árbitro Pablo Lunati. O futebol, no entanto, “está longe de ser um esporte previsível” – como diriam os medíocres.