O despertar de um gigante
26/05/2011 at 12:00 Luís Felipe 28 comentários
Eram mais de 30 minutos do segundo tempo na Ressacada quando a torcida do Vasco começou a cantar “o campeão voltou”. Me perguntei: “campeão de quê, cara pálida?”. Desde 2000 o time da Cruz de Malta só ganhou dois títulos, um carioquinha (2003) e a Série B (2009). Virou a quarta força do Rio. Mas aquela camisa alvinegra, a faixa diagonal e a cruz vermelha no peito têm muita história para contar. História de grandes conquistas, de um passado glorioso, de grandeza. Grandeza que há quase uma década não se via, mas apareceu na semifinal da Copa do Brasil. Com a autoridade de quem é chamado de “clube grande”, o Gigante da Colina atropelou o Avaí e está a dois passos do paraíso futebolístico sul-americano chamado Libertadores da América.
A pequena vantagem avaiana de poder jogar por um 0 a 0 virou pó em apenas quatro minutos. Foi o tempo suficiente para Revson, que já havia marcado um gol contra de cabeça na derrota para o São Paulo, anotar pela segunda vez contra o seu próprio time. Só ele, Loco Abreu e Diego Souza conseguiram fazer dois gols no Avaí na Copa do Brasil. O gol no início, sair perdendo, nada disso era novidade pro Leão. Nas três partidas anteriores na Ressacada (Ipatinga, Botafogo e São Paulo), o time de Silas também saiu perdendo mas conseguiu o empate ou a virada. Dessa vez, não.
O gol contra teve o impacto de uma bigorna caindo sobre as cabeças dos jogadores do Avaí. Trôpegos em campo, nervosos, apavorados, mal posicionados, mal escalados (Silas inventou um lateral-esquerdo pela direita… pode?), foram presas ridiculamente fáceis para o eficiente sistema defensivo vascaíno. Sem invencionices de três zagueiros nem jogador improvisado, Ricardo Gomes colocou em campo um 4-4-2 clássico, com Felipe fechando como volante quando o time estava sem a bola e Diego Souza como meia-atacante. Éder Luís, atuando como um legítimo ponta pela direita, matou as saudades dos que sentem falta do futebol de antigamente. Ah, e matou a defesa avaiana também.
Foi pelo lado direito que saíram as grandes jogadas do Vasco na primera etapa e dali surgiu o a jogada do segundo gol, aos 34 minutos, com Diego Sono, vulgo Diego Souza, que certamente estava dopado de cafeína e fez uma grande partida. O jogo acabou nesse instante, tanto que muitos avaianos não resistiram ao friozinho e à vontade de estar debaixo das cobertas e logo depois se mandaram pra casa. O Vasco não “desmanchou”, manteve a forte marcação, inclusive na saída de bola. Obrigou o bagunçado Avaí a dar bagões pra frente ou tentar sair com os três zagueiros (que permaneceram até o fim do jogo…) armando jogadas. Não deu em nada, claro.
Se de um lado Renan teve que trabalhar para evitar um vexame, do outro Fernando Prass poderia perfeitamente ter aproveitado a estada na mais bela Ilha do Atlântico para jantar no restaurante que o pai possui na Lagoa da Conceição. Ninguém iria notar sua falta, nem ao longo de todo o segundo tempo, quando o Leão tentou algo que, de longe, parecia uma reação.
Um Vasco cancheiro, determinado, organizado. Um Avaí imaturo, nervoso, bagunçado. Foi o que se viu na noite de quarta-feira em Florianópolis. Se não é uma constelação nem tem um elenco hollywoodiano, pelo menos a nau vascaína possui um comandante que sabe muito bem armar o time, principalmente fora de casa (marcou 13 gols em cinco jogos longe de São Januário na Copa do Brasil), e jogadores que um dia mostraram qualidade em outros clubes e estão em busca de uma retomada em suas carreiras (Alecsandro, Éder Luís, Diego Souza e Eduardo Costa, por exemplo). Os velhinhos Felipe e Fernando Prass também têm lenha para queimar ainda.
O Vasco soma 18 partidas invicto. Só perdeu a final da Taça Rio nos pênaltis. Terá como adversário na final o time-sensação de 2011, o Coritiba, que triturou 99% de seus adversários e é milhões de vezes mais forte que o Avaí. Mas, quer saber? Acho que os lusos não eliminaram meu time à toa. Vão chegar muito forte à final e são meus favoritos para ficar com a taça.
Quanto ao Leão, perdeu da maneira menos dolorosa possível, sem nos dar esperanças nem motivos pra achar que esse jogo poderia ter sido diferente – foi uma das derrotas mais incontestáveis que já vi em 246 jogos assistidos no estádio. Assim como escrevi no ImpedGuia do Brasileirão, ainda não sei qual é a do Avaí. Se é o time que acabou com o São Paulo e foi muito bem em São Januário ou esse de quarta-feira, muito parecido com o do Catarinense. A partir de sábado, contra o Galo, é que vamos poder ter uma noção.
Parodiando nossos vizinhos castellanitos, cantemos: Y siga, siga, siga el baile / Al compás del tamboril / Que en esta noche nos salimos / De la Copa de Brasil.
Felipe “Catarina” Silva
Entry filed under: Copa do Brasil.
1. colombo | 26/05/2011 às 12:07
fodástico
2. Rudi | 26/05/2011 às 12:10
Com a sina vascaina de vice eu já me atrevo a dar parabéns ao Coritiba pelo título da CdB, sério…
3. MarcosVP | 26/05/2011 às 12:13
Tantos anos sofrendo as vicissitudes de ser vascaíno nesta última década quase me transformaram em um… botafoguense.
(e ainda mais com a obrigação de apoiar o glorioso da minha mulher e filho, com mais EMPENHO que ao meu próprio time.)
Mas eu não escolhi o Vasco na década de 70/80 a tôa. O Vasco também só perdia para a máquina de Zico, Júnior et caterva. Mas essa camisa me emociona. Eu sempre soube de qual lado eu gostaria de estar quando o bicho pegasse. E esse lado veste branco, preto e carrega uma cruz de malta no peito.
Ainda vou escrever um texto bom sobre o Vasco pro Impedimento, se me for permitido.
Abs.
4. Cesar Cardoso | 26/05/2011 às 12:18
O Catarina esqueceu de citar um fato importantíssimo para o abatimento do Avaí: o passe perfeito do Alecsandro no segundo gol do Vasco.
Não há como um time de futebol ganhar uma partida depois de levar um gol num passe perfeito DO ALECSANDRO.
5. Catarina Cristo | 26/05/2011 às 12:29
Segue o baile, xará, vamo simbora!
E essa Copa do Brasil tá boa demais. A final vai ser pegadíssima.
6. col | 26/05/2011 às 12:43
Joga muito esse Alecsandro.
hauhauahhaa
7. amaral | 26/05/2011 às 12:50
#6
Fará o gol do título, só pra manter a chama do folclore acesa.
8. rafael botafoguense | 26/05/2011 às 12:52
3.
modinha.
9. Ismael | 26/05/2011 às 13:33
Daqui a pouco aparece o RUBENS aqui pra dizer que o Alecsandro é muito melhor que o Damião, porque o Damião não fez nenhum passe assim, biriri…
OFF: De boa, quero que o Cone faça uma pá de gols (nos outros times, no Inter NÃO), se dê muito bem no Vasco e tudo mais, não tenho raiva dele, só que no Inter não servia mais
10. gilson | 26/05/2011 às 13:36
Catarina claramente maculando sua trajetória ao tecer loas ao Vasco.
Nos sobra o alento da MALDIÇÃO hsuhasuhasuahsuahsu
11. col | 26/05/2011 às 13:56
O problema do Cone eh que ele nao eh centroavante matador. Um Inter hipotetico do meio pra frente com [Centromedio A, Centromedio B, D’Ale, Taison, Damigol e Cone] poderia dar muito certo. Taison como quarto homem.
12. NONOVOX | 26/05/2011 às 15:10
Não pude olhar o jogo ontem a noite, mas o “time do guga” vacilou.
Perder em casa depois de um bom jogo fora de casa, é muita falta de compromisso desses rapazex.
No má, VAMOS COXA!
13. NONOVOX | 26/05/2011 às 15:12
E pensar que o “santo” não quis o retorno de diego souza, ia agregar muito nesse meio/ataque do grêmio.
14. Ricky | 26/05/2011 às 15:13
Isso aí, Col! Meu mano joga muito. Só que o Taison é igual ao Papai Noel: aparece um mês por ano e depois some.
15. Norteña | 26/05/2011 às 15:13
E o Marquinhos, como jogou?
Ele vem pro Gremio mesmo ou fica no Avai?
16. Prestes | 26/05/2011 às 15:15
A final dos meus sonhos era Ceará x Avaí.
Perdi.
17. col | 26/05/2011 às 15:28
#14 bixa-loca, entao o Papai Noel apareceu varias vezes em 2010. O Roth mostrou qual a melhor posicao dele.
18. Felipe (o catarina) | 26/05/2011 às 15:34
#2
Achei que o Vasco jogou pacaralho ontem e como tá há 18 partidas sem perder, é meu favorito. O Coxa já esteve melhor. Mas claro, tem essa sina do vice. Ontem mesmo quando já tava uns 40 do segundo tempo eu e mais um monte ficamos berrando atrás do gol do Vasco: “Vice!”, “Vice da Gama!”, “Vai pro showbol, Felipe!” e “Flamengo!”. ahjhjhjhajha . Fazer o quê? O jogo já tava perdido mesmo.
#10
jogaram muito. Merecem as loas. Minha vontade, claro, era de começar o texto assim: “Ei, Silas, vai tomar no cu”, mas não seria apropriado para tão distinto espaço.
#15
acabei de voltar da rodoviária. Comprei uma passagem de ônibus pinga-pinga pro Marquinhos ir pra POA.
19. Henrique [GFBPA] | 26/05/2011 às 16:09
Diego Souza me servia no Grêmio de novo… Queria ele no início do ano…
Seria bem melhor apostar nele que no cazalberto…
20. Geógrafo - A bola é um Geóide | 26/05/2011 às 16:35
#19
do Diego tu ainda espera algo, do Cazalbé mais nada.
Ia cair como uma luva na medianeira (de luva o renato intende)
21. Ricky | 26/05/2011 às 16:39
Colzinho, meu amor, não se desespera. O Taison só jogou bem um mês em 2010, até os jogos contra o São Paulo. Não jogou nada nas finais e foi vendido para o time do metal, lá na Rússia disfarçada de laranja – a Ucrânia.
22. J Petry | 26/05/2011 às 16:55
“A Ucrânia é só um jogo para você?!”
Pontos de bônus para quem entendeu a referência.
23. Anônimo | 26/05/2011 às 17:04
tá a dois passos de ser campeão da copa do brasil, porra. esse é o paraíso. que troço chato essa coisa de OBSESSÃO pela libertadores.
24. Junior | 26/05/2011 às 18:01
Petry, eu quase “guglei” para descobrir a referência, mas logo pensei que não seria justo enganar Jesus (para continuar no jogo de referências, rs). De onde veio essa frase?
25. Felipe (o catarina) | 26/05/2011 às 18:23
#23
tens razão na parte da Copa do Brasil (mas Libertadores deve ser obsessão sempre). Devia ter escrito algo como “o título e a vaga na Libertadores” ali. Não repara, eu sou catarina, jornalista e tava abalado pela derrota do meu time.
26. J Petry | 26/05/2011 às 18:33
#24: Seinfeld.
27. El Torero | 26/05/2011 às 20:45
Eu loco por uma desculpa pra sair em CARREATA por Santo Antonio de Lisboa e o Avaí me faz esta. Não era realmente o mesmo time de uma semana atrás em São Januário.
28. Carlos | 26/05/2011 às 21:14
Ninguém tem Silas e William impunemente.
E como jogou PRA CARALHO o Diego Souza. Mas bom é o Tcheco, né?