Notas fúnebres no jornal

No dia seguinte a um jogo, todo caderno de Esportes parece um grande
obituário, cheio de notas fúnebres. Nunca gostei muito dos cadernos de
esportes no dia seguinte, sempre pareceram muito tristes, uma nota
apagada da festa do dia anterior, uma Quarta-feira de Cinzas que se
repete toda quinta e toda segunda. Hoje foi ainda pior. Hoje o
carnaval parece ter terminado antes, trouxeram as Cinzas para a
Terça-feira Gorda. Ontem Santa Cruz perdeu do Náutico por 1×0 e deu
passagem pros alvirrubros irem à final com os rubro-negros.

Amor com amor se paga

Chovia deveras na cidade do Rio de janeiro, em particular no bairro tijucano do Maracanã. O centroavante, no entanto, concentrava-se na bola à sua frente, parada sobre a marca do pênalti. Ao meu lado, um homem feito e de cabelos brancos se virava de costas para a cena, cheio de pavor. O centroavante começou a caminhar, a correr e deslocou o arqueiro rival para o lado que gostaria, a canhota direcionando a bola para o lado oposto e era gol. Gol do Flamengo.

Coruja tosada

Quando ouvia o nome do Grêmio entre os favoritos da Copa do Brasil tinha alguma desconfiança. Afinal, mesmo sendo o ataque bom e a defesa razoável, via muitos jogadores abaixo da média na equipe tricolor. Entretanto, o jogo de ontem mostra que o Grêmio caminha a passos largos para fazer uma provável final antecipada contra Santos ou Atlético Mineiro – nenhum dos times da outra chave, Palmeiras incluso, tem a qualidade que apresentam esses três times.

A outra metade e talvez a glória inteira

Eu entendo o desdém à decisão da Conmebol de conceder o acesso à Libertadores ao campeão da Copa Sul-Americana, mas a despeito do que se considera, isso valorizará a competição. Não na sua dignidade, mas no aspecto prático: os dirigentes de clubes que encheram a boca de farofa para falar mal da competição agora vão ter que considerá-la com carinho em um segundo semestre fracassado. Resta saber se a CBF terá a decência de não premiar os piores.

O mescal deixou tudo claro

Abbondanzieri chamando no TWIST

O Inter parece um time mexicano. Tem um centroavante que não faz mal a ninguém, uma zaga que é um convite para uma valsa no LUSCO-FUSCO e um meio-campo que parece que está trocando passes na grama da casa de verão em Capão da Canoa. O placar de 3 a 1 para o Banfield não é definitivo. Na verdade, é uma BARBADA de reverter. Basta colocar o time júnior reforçado pelo Edinho.

Do pó vieste

Nem só de papoulas vive o futebol colombiano. Se o Once Caldas continua firme e forte na lida copeira, o America, um dos mais tradicionais clubes do futebol cafetero, passa por tempos de penúria. O processo de redemocratização iniciado em 2009, que tem como objetivo a criação de uma empresa para gerir o clube parece ainda não surtir efeitos. Tanto que, seguindo a senda aberta pelo Brasil de Pelotas, está disposto a usar o sempre válido e nunca ultrapassado advento da RIFA para juntar uns merréis.

Quem não levou a sério se deu bem

Os times que pouparam titulares foram os melhores desta terça-feira na Libertadores. O Estudiantes deixou em La Plata Verón, Angeleri, Boselli, Desábato, Aguirre Suárez, Bilardo, Zubeldía e Trobbiani, e mesmo assim conseguiu a vitória contra um dos piores times do campeonato mexicano. O Chivas, que chegou a anunciar a retirada de TODOS os titulares da partida contra o Vélez, recebeu uma pressão de Carlos Villagrán na última hora e colocou alguns dos seus melhores, como Reynoso e Omar Bravo. Socou os argentinos por 3×0.

Fé na tábua e pé em Deus

Flamengo e Corinthians. Corinthians e Flamengo. Dentro de duas semanas, somente um deles seguirá adiante rumo às quartas-de-final da Copa Libertadores da América 2010. A Copa ficou pequena demais para ambos e mandou que a dupla se acertasse em campo para ver quem ainda poderia seguir dormindo mais umas semanas flanando com suas curvas no algodão dos sonhos.

Caía água, mas eu pedia soda cáustica

A chuva que era fina se transformou em canivete, enquanto o time de Silas saía de um panorama preocupante no primeiro tempo para amordaçar o Inter e conquistar uma robusta vitória que encaminha o título do Gauchão. Na DÉCADA, será o segundo triunfo tricolor em duas decisões diretas valendo pelo Estadual, o que obviamente torna irrelevante qualquer título conquistado pelo Inter no período equivalente.

Grandes decisões grenalísticas por década

Sabemos que o jogo das faixas entre Botafogo x Corinthians é a atividade mais importante deste domingo, mas enquanto ela não chega, vamos lembrar alguns grenais históricos que decidiram campeonatos na província:

ImpedCopa: pão de queijo e mendicância

Assim como Carnaval e dinheiro, a ImpedCopa mexe com a cabeça das pessoas. Na primeira edição, não foram raros os casos  de participantes que abandonaram a discrição e deixaram o espírito da fubangagem lhes descer pela espinha e influenciar seu comportamento durante todo o evento.

Quem é o Taladro, do que se alimenta

A primeira pergunta que todos vocês vão fazer eu não sei responder: é melhor que o Cruzeiro? No conjunto da obra, o Cruzeiro é mais time que o Banfield, pois embora o Taladro tenha uma defesa mais segura, o ataque celeste é muito superior. Entretanto, vocês todos sabem que a Libertadores raramente premia os melhores times, e sim os mais concentrados – e o Banfield de Falcioni é um time que sabe muito bem usar as armas que têm nas mãos.

Seja o melhor e ganhe uma traíra

Aí você ganha uma Copa do Brasil, contrata pentacampeões, mobiliza a torcida, faz o Mano aprender a ganhar fora de casa, faz um puta esforço para ser o melhor time da América e como prêmio, pega o Flamengo. Sacanagem. Também para nós, que vivemos do ludopédio (mentira): nas próximas dezoito semanas que antecederão o clássico nacional, não se falará em outra coisa.

Mulheres, idosos e crianças primeiro

Não é de agora que o transatlântico rubro-negro começou a soçobrar. Os bons torcedores do Flamengo já devem ter começado a ver que um clube que inicia o ano onde defenderá um título nacional tratando dois baluartes da conquista feito dois terceirizados que estavam a furtar cinzeiros da sede social começava mal.

Nós somos o povo

Nos últimos tempos, a cada derrota ou partida mal jogada pela equipe colorada a direção, na maioria das vezes representada pela figura de Fernando Carvalho, líder das conquistas de 2006, pondera sobre o comportamento da torcida nas arquibancadas. Segundo estas ponderações a torcida se divide entre uma maioria de bons torcedores, dos que vão ao estádio, e maus torcedores, aqueles que vaiam o time, mesmo que ele não esteja apresentando um bom futebol.