Bandeira
09/04/2009 at 12:02 douglasceconello 32 comentários
Inspiro-me neste post comemorativo e naquele outro que terminou com a frase mais batida da vã filosofia, soergo-me da poltrona, peço um café e me proponho a dar prosseguimento a esta labuta de terceira que só faz pensar e repensar o universo. Com frases longas, muitas vírgulas e pouco sentido, porém precioso, como poderia ser um estilo. Mas será só CAFEÍNA.
[pausa para buscar o café]
O torcedor…
No ensejo ardente da partida, é o instinto quem exclama: VOLLLLTA!, NA DIREITA!, SOLTA A BOLA! e todas essas sentenças às quais nossos jogadores prontamente aquiescem (ó, audições privilegiadas, ó, corações servis!). Ao menos o instinto é mais verdadeiro. No ensejo vertiginoso da derrota, os poucos refletores sobreviventes iluminam escassamente mentes aflitas à procura de explicações. E, porque de resto a língua se mantém aquecida, as primeiras justificativas são encontradas e tão logo proferidas – já que é necessário ao espírito esse extravasamento, bem sabem os senhores. Saem aos resmungos, primeiro descendo lentas do franzir da testa (- merda de Fábio Santos.), pra depois subirem voláteis de tão destemidas, prolixas e prenhes de conjeturas ( – aquele Gaciba é um baita filhadaputa!; – Celso Roth colorado desgraçado!). Cria-se um ar amigável entre aqueles que padeceram do mesmo mal: as opiniões, enfim, se encontram ( – ãrrã…), embora, um recenseador talvez não capturasse tanta monotonia no grave desta torcida.
E porque, bem, não suportamos “viver em sociedade” por muito tempo, advém um lance íntimo, instante particular em que a atmosfera volta a ser só um bocado de elementos, livre de certezas rasteiras, de teses improvisadas, de pactos volúveis. Sofre-se com mais dignidade nesse ar, e o pensamento rola mais fácil nesse campo. As fragilidades do time são pontuadas, e, de repente, são tantos os pontos, que – fatalidade – o fracasso não é pontual. Um EXCELSIOR ROTH (pega no meu merchandising) atrai para si uma constelação de incongruências, tal um buraco negro faminto, mas é certo que não leva todas na bagagem de sua (chorem, colorados:) despedida. Ficam os jogadores que dançaram, com suas próprias pernas, a pornochanchada-do-bigode – dez pra cá, um pra lá – que orquestrou o maestro, entre tantas óperas.
O percurso do torcedor e sua ânsia em comunicar é assim traçado: grunhidos instintivos durante o jogo; brados aleatórios e cínicos no calor da derrota; ponderações racionalizadas no conforto de casa. É um movimento representativo. Da paixão extática à reflexão meticulosa. (Seria simplista não mencionar a simultaneidade dos atos. É evidente que se pensa no estádio e que não há momento imune a bocados de emoção. Mas tempo e lugares influenciam.) O torcedor está fadado, nesse trajeto, a contradizer-se. Nada mais natural: a contradição é o motor da vida.
Posto tudo isso – e posto também um pouco de strogonoff no meu café -, é preciso dizer que não entendo como TANTA gente leva TÃO a sério opiniões, TÃO sujeitas a ondas e marolas especulativas, de outra gente que – a tendência é generalizada – crê encontrar-se no exato centro do mundo, ela e suas últimas, talvez só reiteradas, ideias luminares. Por exemplo, um jornalismo que escolhe a verdade que ditará para depois buscar seus argumentos (e não o reconhece). Quando a verdade nem existe e, logo, não há palco sustentável para os RAMBOS da verdade, com suas metralhadoras pesadas de munições (mais do mesmo). Tomo cuidado e me afasto: a esquizofrenia pega. Encontro reduto aqui neste site de 1001 posts cheios de contradições, rompantes, revoltas e outras tentativas dignas de uma EPISTEMOLOGIA, improvisada ou não, do futebol – não necessariamente sinceras, mas honestas em suas próprias mentiras. Aos editores, que sigam se reinventando. Aos comentaristas de plantão, fica valendo o escrito acima sobre opinião (se é que consegui falar de opinião) e um recado, o derradeiro e talvez meta bizarra deste post facínora: levem-se todos menos a sério, afinem o senso, pratiquem o silêncio vez por outra e elevem o humor.
AGUANTE! – brado num ato-reflexo, porque, de resto, a sabedoria de um torcedor é gutural.
E adeus – acho que era cicuta.
Contribuição, ou COMBUSTÃO, de Rômulo Arbo, que assim subscreve: “torcedor e leitor eterno do Impedimento – eu levanto essa bandeira!”. Uníssono, o Conselho de Sábios do Impedimento responde: “Amém”
Entry filed under: Colunas, Contribuições.
1. Eduardo | 09/04/2009 às 13:05
Pra mim o maior rio do mundo é o Mississipi, só depois é q vem o oceano atlântico.
2. Prestes | 09/04/2009 às 13:08
AGUANTE IMPEDIMENTO CARAJO BAMOS ARBO A SER TEXTITOS GENIALES CELSO ROTH CHUPA PIJAS ROMPANTES TORCEDORÍSTICOS CICUTA PEÑAROL CARAJO STROGONOFFHOCH NELES
3. arbo | 09/04/2009 às 13:11
o link do “peço um café” é pra ser esse: http://farm3.static.flickr.com/2233/2085805089_cd84bbf014_o.jpg
não sei se é só pra mim q ele não tá funcionando…
4. Ismael | 09/04/2009 às 13:15
Parei no meio!
Juro!!!
Arbo deve se juntar à Fino como representante da banda azul no Impedimento!
Agora voltarei a ler…
5. Ismael | 09/04/2009 às 13:19
Sim, o link funciona!
sim, o texto é genial!
sim, parei no meio pq era muito pra minha cabeça [ns]
6. almilano | 09/04/2009 às 13:45
Tive que ler umas 3x até entender todo o “contíúdo”. Parece o Ferrajoli no livro Direito e Razão, huahuuahuahuauah
Excelente o texto, parabéns. Um pouco de humor é essencial não só aqui no blog, mas no dia-a-dia.
7. douglasceconello | 09/04/2009 às 13:52
Rômulo usando de CURVAS e GINGADO para nos ARREBATAR de emoção. O que não faz um COGUMELINHO adicionado à capacidade de escrever bem.
siudhfusdsdi
8. douglasceconello | 09/04/2009 às 13:55
Ô, gurizada. Há VAGAS para a pelada de HOJE. Precisamos de DOIS jogadores de LINHA e um GOLEIRO. Mexam-se. O SHOW não pode parar.
9. Álisson | 09/04/2009 às 14:13
Baita texto arbo.
Assino onde? E me dá um gole desse negócio que tu anda bebendo porque só deve fazer bem ao vivente.
10. Luís Felipe | 09/04/2009 às 14:14
Arbo, me consegue 50 gramas.
11. Prestes | 09/04/2009 às 14:21
50 gramas disso aí que o Arbo fumou rende UM ANO.
12. Anderson Fraga | 09/04/2009 às 14:28
Cecco, se eu morasse na capital da província, eu iria no Impednua. Pena que vivo na área rural da aldeia [Dunga, 2009]
13. fino | 09/04/2009 às 14:28
Essa parte foi pra mim. jksdfljklsdfajklsdfa
“O percurso do torcedor e sua ânsia em comunicar é assim traçado: grunhidos instintivos durante o jogo; brados aleatórios e cínicos no calor da derrota; ponderações racionalizadas no conforto de casa.”
14. Mateus | 09/04/2009 às 14:37
Onde é a Impednua?
15. col | 09/04/2009 às 14:44
Acho que rolou um meth na mente do nobre autor. Mas eu gostei, apesar do meu ódio à língua portuguesa e suas frases de 5 linhas.
16. col | 09/04/2009 às 14:46
Ainda em tempo: jamais usem meth, garotada.
http://msgboard.snopes.com/message/ultimatebb.php?/ubb/get_topic/f/60/t/001395.html
17. douglasceconello | 09/04/2009 às 14:57
Na frente do Beira-Rio.
Motivo: de repente, o Bolivar ESPIA e aprende com a gente.
sdufhsd
18. arenavermelha | 09/04/2009 às 14:59
#17 Douglas,
A fase é soda tmb né, quando ele finalmente faz um gol à lá Ceará… ANULADO POR IMPEDIMENTO hauhauauh
19. Fabio TONHÃO | 09/04/2009 às 15:04
se fosse semana que vem, iria, com ênfase…
hoje tem ALTERNATIVO aqui em Nóia
20. Álisson | 09/04/2009 às 15:07
Hahahahahahahahahahahahahaha
Fábio visivelmente viciado na FUMAÇA no Alterna.
Semana que vem também vou, menos na terça e na quinta-feira.
21. Fabio TONHÃO | 09/04/2009 às 15:12
Álisson,
tô pela fumaceira da dança do maxixe e no remelexo do mata-leão que o ALTERNAS proporciona
Apesar que tem uma estagiária FLOR de TIETA do AGRESTE sugerindo algo menos suburbano para me acompanhar.
Perdeu
22. Álisson | 09/04/2009 às 15:38
Semana que vem também vou, menos na terça e na quinta-feira.
Estava me referindo ao futebol em POA.
Boa fabio!
23. beretta | 09/04/2009 às 16:42
Vocês tão jogando nas terça também?
Bã, onde é?! Nesse dia nem tenho aula. =)
24. arbo | 09/04/2009 às 16:45
na terça rolou o primeiro salão do impedimento. no pão dos pobres, cidade baixa. de repente rola terça q vem.
25. beretta | 09/04/2009 às 16:47
Paróquia do Pão dos Pobres – mais informações »
Rua da República, 838 – Cidade Baixa, Porto Alegre – RS, 90050320 – (0xx)51 3228-3604
Isto?
26. arbo | 09/04/2009 às 17:00
ISTO.
a entrada é na república, quase na praia de belas. quadra lá no fundo.
AMÉM.
27. beretta | 09/04/2009 às 17:08
méldéls!
Mandem um sinal de fumaça quando houver os jogos.
Agora descobri que eu entrava na rua errada e tem um caminho novecentas vezes mais fácil.
PERDI TOTAL!
aehoAEHOEeOUheouAEouAHEeouhoehaEO
28. JB | 09/04/2009 às 19:32
#10
“Arbo, me consegue 50 gramas.”
Só se o Arbo fizer uma lobotomia e te entregar 50g de cérebro.
Veja bem, não tô te xingando LF, é um elogio ao rapaz.
29. Mateus | 09/04/2009 às 19:39
Que horas é a impednua e ainda tem vagas? To pensando em ir, jogar uma bolinha e já requisitar minha camiseta do Atlético Rafaela com o Douglas…
30. Anônimo | 09/04/2009 às 20:13
21h, mateus
e obrigado, a todos, pelos elogios e demais manifestações infundadas!
31. Milton Ribeiro | 13/04/2009 às 00:14
Com efeito, o café do Arbo foi salpicado de lisérgicas gotinhas coloridas. O que faz um Celso Roth, meu deus. O sujeito fica pior do que aqueles caras que pegam a Bíblia como se fosse um alucinógeno e vão delirar no centro da Praça da Alfândega. Não obstante, vi sentido na insanidade do autor, pois sei que minhas verdades só vão até o limite frontal de minha testa.
Aprendi que o significado do que se diz é dado por quem escuta e não por quem fala. Freud, muito antes, já descobrira que a chave da interpretação está com o analisando, não com o analista. Este, quando não atrapalha, oferece a escuta e… aí o analisando diz e exclama: -“Eu sabia!”. Assim vivemos: num mundo imaginário onde até mesmo a imagem de si mesmo é constructo imaginário, putz! Por isso acredito piamente em TUDO que você escreve – o que é a mesma coisa que dizer: “não acredito em NADA” disso.
OK, Arbóreo?
32. arbo | 13/04/2009 às 08:42
claro, milton – até onde posso alcançar, muito claro.