O concerto dos canhotos

Talvez seja a combinação de sinapses aceleradas, hormônios incendiados e iogurte de cevada em doses industriais. Agravada, provavelmente, pela expectativa opressiva de encontrar às vezes mais de uma centena de pessoas que fazem parte do teu horizonte diário, mas que às vezes o contato acontece através daquela sagrada caixinha de texto abaixo de cada post. Some a isso um pouco da angústia inata presente em todos os vadios tortos que vagam pelo mundo e o que temos, nos dias que precede a ImpedCopa, é uma explosiva combinação chacoalhada na coqueteleira de Dionísio, pronta pra explodir quando arremessada na atmosfera multicolor que cobre Porto Alegre a cada semestre.

Um tiro no coração do ceticismo

Continuávamos todos cheios de certeza, quando aqueles cabeludos de camisas brancas, com detalhes vermelhos, e calções azuis desfilavam chuveirinhos para a área adversária e se atiravam como cavalos pra cima da bola. “Não vão longe”. E não iam. No ano passado, nem a comoção da camisa celeste nos convenceu totalmente. “Ganharam dos asiáticos e dos africanos, perderam para os europeus”. Mas nosso ceticismo, justificado pelos tempos do futebol-negócio, combinado com a derrocada econômica da “Suíça da América”, já começava a cambalear. O apito final de Enrique Osses em Liniers foi um tiro no peito de nosso ceticismo.

La Olla mais branda do que anunciavam os deuses

Custou todas as moedas da guaiaca azulgrana ter desperdiçado a chance de eliminar o Santos no penúltimo jogo da primeira fase, quando perdeu em casa por 2 a 1. Pois este mesmo time ALBO da Vila Belmiro, agora reestruturado e com um técnico tão cabeça dura que nem pedrada é capaz de derrubar, eliminou los once de Astrada e avançou galopante para a grande decisão copera, aguardando que Vélez ou Peñarol se engalfinhem hoje à noite em Liniers.

ImpedCopa IV: vinheta fulminante e tabelas cabalísticas

De hoje em diante, esta é a obra de arte que vai anunciar nos canais de televisão das mentes atordoadas e surgir como raio de luz na insônia persistente a grande contenda do próximo domingo, no Sul Sete. O glorioso vídeo é criação de Gabriel Reinaldo, cheio de ATMOSFERA e poesia visual e sonora. Só nos resta usar a bandana para enxugar as lágrimas.

ImpedCopa IV: vídeo motivacional para quem não precisa de motivação

Enquanto torneios menores ao redor do mundo promovem sessões de cinema em HD, nós investimos forte na indústria do entretenimento audiovisual e lançamos, sem dó nem afago, este petardo imagético que se dispõe a penetrar mesmo os mais calejados corações. A obra é responsabilidade de Fabrício “Fino Maravilha” Maraschin, que na edição passada já havia nos brindado com outra comovente produção.

E assim iniciamos aquela semana que desafia todos os calendários e se invariavelmente se apresenta como a mais longa do semestre.

Aguante La Copa.

Cordialmente,
ImpedCorp.

E dizia o provérbio: ganhará aquele que mastigar o vidro da preguiça

Após duas rodadas do Brasileirão, os quatro times que mantêm aproveitamento irreparável são Atlético-MG, Vasco, São Paulo e Corinthians. Depois, ainda invictos mas com um empate na comanda, aparecem Flamengo e Palmeiras. De comum entre eles, a falta de um futebol arrebatador, que os coloque em um inalcançável nível superior técnica e taticamente em relação aos demais, o que paradoxamente nos REVELA, ainda que de forma provisória, o equilíbrio do campeonato.

IV ImpedCopa Invasores do Bolicho: as formações que lutarão pelo êxtase

Depois de três horas de laboroso esforço mental, o Conselho de Sábios Copero y Escalador da ImpedCorp chegou à formação cabal dos times que dia 5 de junho disputarão a maior glória desportiva de todos os hemisférios. Ainda hoje, todos os participantes receberão o contato de seus companheiros de time, para que possam se entregar à doce arte da mancomunação e dos delírios táticos. No mais, também gostaríamos de instigá-los a produzirem trapos dos times, que tornarão o entorno da cancha uma feérica redoma de luzes e cores que só as mais poderosas substâncias químicas poderiam provocar.

ImpedCopa: os times homenageados, a fórmula do amor e as fardas fosforescentes

Faltando dez dias para todas as almas convergirem ao centro do universo futebolístico y cachacero que atende pela alcunha de 4ª ImpedCopa Invasores do Bolicho, com todos os devidos atletas já confirmados e MONITORADOS com um chip em forma de tampa de cerveja cravado na paleta, julgamos ser o momento adequado para divulgar informações de fundamental significado para o imaginário impedcopeiro.

Os mestres do picadeiro

O que o futebol de salão (futsal é coisa de preguiçoso) nos proporcionou em sua miserável trajetória de esporte INTRAMUROS infelizmente não está circunscrito à vivência no balcão das copas de ginásio ou à presença magnânima de MANOEL TOBIAS (que está para Falcão assim como Pelé está para Neymar).

A prancheta não é suficiente

Eu nunca, nunca vou entender a posição intelectual de que é impossível aplicar a Estatística ao futebol. Eu consigo entender outros argumentos:

* O debate não me interessa, pois gosto de futebol por motivos emocionais, irracionais ou subjetivos: paixão, torcida, tribalismo, arte, cultura, antropologia. Ótimo. É um aspecto inegável do esporte. Mas também é um aspecto inegável do beisebol. Não impede a existência de um homem como Bill James. Uma coisa não exclui a outra.

* Não temos um banco de dados público de alta qualidade. A imprensa não publica boxscores com estatísticas individuais, então seria difícil emular o trabalho de um cara como John Hollinger e desenvolver uma fórmula simples a partir de eventos tradicionais como faltas, impedimentos, escanteios, etc. A barreira à entrada é tão grande que os amadores não conseguem obter dados elementares para análise.

Frangos & Tragédias

Não há personagem mais comentado no futebol argentino na última semana que Juan Pablo Carrizo, goleiro do River Plate e da Seleção Argentina. O arqueiro de 27 anos foi o grande vilão de um fracasso riverista pela segunda rodada consecutiva. No dia 16, fez um gol contra em cobrança de escanteio que abriu o placar da vitória por 2 a 0 do Boca Juniors no Superclásico. No último domingo, o gol de empate do San Lorenzo no clássico disputado no Monumental saiu de outro frangaço de Carrizo. O resultado de 1 a 1 deixou os Millonarios na zona de descenso, faltando quatro rodadas para o fim do Clausura. Sintomático para um time apelidado pelos rivais de Gallinas que seu goleiro esteja engolindo frangos nos jogos mais decisivos do campeonato.

Volto porque te amo

Disseram, certa vez, que a derrota possui uma poesia que o triunfo é incapaz de alcançar – mote que, embora cative por sua ousadia, nutre questionáveis relações com a realidade. Se a mitologia (único tipo de História que merece atenção) debruçou-se mil vezes sobre Aquiles, que por seu calcanhar é Aquiles, menos luzes jogou sobre Heitor, Pátroclo, ou o primeiro mirmidão abatido por inadvertida flechada, todos vitimados na mesma querela, ainda que em tempos diversos.

No estádio se ganha até quando se empata contra reservas

O torcedor que mora longe de seu time é um órfão. Para um porto-alegrense radicado em São Paulo há mais de quinze anos, nem a família, nem o churrasco e nem mesmo o cachorro-quente da Confeitaria Princesa fazem tanta falta quanto frequentar o Beira-Rio. Jogos do Campeonato Brasileiro, quando não ocorrem nas Arenas Barueri da vida, são oportunidades de ouro para se rever de perto o time do coração. Até porque, podem inventar o pay-per-view HD 3D, nunca será a mesma coisa. Futebol foi feito para ser visto no estádio.

Muda a competição, não os dilemas

Se tem algo a ser louvado neste PALOCCIÃO que recém inicia é a imprevisibilidade quase total de 86% dos jogos. O Coritiba, por exemplo, sensação na terra das araucárias e na Copa do Brasil, foi surpreendido em casa pelo Atlético-GOING – e ignoro de propósito que jogou com reservas, apenas para comprovar a tese. Também o Grêmio, ainda esfolado pela derrota no Gauchão, sofreu uma reviravolta em casa, em jogo que iniciou aparentemente modorrento. E os colorados empataram com os imberbes e púberes fraldinhas do Santos.

La final del patrón contra el patrón

O que teria a ver a final do Clausura 2011 de Honduras, entre Olimpia e Motagua, com o golpe de estado de 2009? Ambos os clubes, que fazem o clássico da capital Tegucigalpa, tem como donos famílias chave dentro da oligarquia hondureña, e que foram mentoras da tragicomédia que fez com que os militares levassem o ex-presidente Zelaya de pijamas para a base militar americana de Palmerola e daí pro exílio.