Três minutos, um castelhano e um quique

Quando tu acha que a frescura já atingiu todos os limites, vem um cidadão fardado, que te aborda para a famosa revista na entrada do estádio. “Que tu tem aí, magrão?” Solícito, tiro do bolso e estendo a carteira de cigarro, de um só golpe amassada e arregaçada. “Me passa o isqueiro. Não pode entrar com ISQUEIRO”. Claro que não, afinal é um instrumento mortal, usado em larga escala para queimar até a morte as pessoas. Diante de minha gargalhada incrédula, apanha o FOGAREIRO e me manda passar, impedindo que minutos depois eu pudesse TACAR fogo no meu corpo para festejar o gol de D’Alessandro correndo em chamas pelas arquibancadas.

Após todas as ameaças que Mário Sérgio fez, a escalação colorada acabou sendo a menos desgraçada – um 4-4-2 honesto onde todo mundo era da posição, com algum equilíbrio entre ataque e defesa. Pelo lado gremista, Autuori apostou em um inodoro 4-5-1, colocando Douglas Costa para jogar aberto pelos lados. Na frente, apenas Perea.

É bem verdade que a atuação de ambas as equipes ficou condicionada ao fato de que logo aos três minutos o Inter pulou na frente, com D’Alessandro, bem a fim de jogo, arriscando de fora da área e contando com um senhora ajuda de Victor, mais perdido que cachorro em dia de mudança depois daquele QUIQUE abençoado.

Dali para diante, o Grêmio precisou fazer justamente aquilo ao qual não pretendia se propor: buscar o resultado. Com um meio de campo recheado de volantes – Túlio, Fábio Rochemback e Adílson -, apenas Souza e Douglas Costa, que teve uma atuação bem decente, buscando o jogo e promovendo algumas ESCAPADAS laterais, podiam tentar promover algum ENTREVERO. Enquanto isso, Perea esgualepava-se, brigando com os zagueiros e com suas duas pernas, aquelas traidoras. Aliás, eu não precisava viver em um mundo onde Adílson – que a bem da verdade foi um dos melhores do Tricolor – veste a camisa NOVE do Grêmio.

As pernas de Perea e o samba do crioulo doido

O Internacional, com o placar favorável, até que não recuou tanto quanto nos últimos jogos, ainda que não soubesse prender a bola e seus laterais subissem ao ataque raríssimas vezes. Nenhum dos dois times criou grandes coisas e o momento mais emocionante após o gol aconteceu quando Victor, estranhamente NERVOSO e com cara de CHURRIO, deixou uma bola recuada passar por entre as pernas e cedeu escanteio.

No intervalo, Paulo Autuori mostrou toda sua genialidade ao tirar Douglas Costa, justamente o gremista mais perigoso em campo, para colocar HERRERA, que teve uma das piores atuações que já vi um jogador executar. O desgraçado estava tão LOUCO DA LOLÓ que, após receber um passe de Souza e virar do avesso na linha de fundo, virou-se para o campo e XINGOU o meia.

Ainda assim, o Grêmio foi melhor no começo da segunda etapa, especialmente porque soltou seus laterais e Souza apareceu deslocado pelos lados, o que gerou algumas bolas alçadas perigosas. Aos 11, Souza cabeceou com perigo, e aos 22 Herrera furou em bola dentro da área. Mas, como a ruindade era demais – Rochemback, um dos piores em campo, deve ter errado uns trinta e sete passes e ficava troteando na meia-cancha como se fosse o FALCÃO -, logo o time tricolor murchou.

Alecsandro confere emoção ao clássico

Mário Sérgio QUASE acertou nas alterações ao colocar Andrezinho e Marquinhos no lugar de Taison e D’Alessandro. Deveria ter tirado GIULIANO, que estava babando na gravata e errando saídas de jogo CAPITAIS. Aos 27, após grande assistência de Marquinhos, Alecsandro embolou-se com o capim e deixou de matar o jogo.

E, quando se aproximava o final e ainda tínhamos três angustiados minutos de acréscimo, Rafael Marques teve a brilhante ideia de dar um SACALÃO em Andrezinho, sendo expulso e desperdiçando dois minutos CABAIS em empurrões e REFREGAS. Ao fim e ao cabo, o Internacional mereceu vencer, ainda que não tenha mostrado um futebol de primeira linha. Vai ficar até a última rodada tentando alcançar os líderes para, depois, acabar em QUINTO lugar. O Grêmio continua vítima da previsibilidade do seu técnico de 500 mil reais por mês e agora já começa a aquecer para o GAUCHÃO de 2010.

E nesse momento algum brigadiano acende um CACHIMBO com o meu isqueiro, covardemente EXPROPRIADO.

Saudações,
Douglas Ceconello.