Pinchas reencontram sua grandeza

Que me perdoe a liturgia, mas  hoje a cor dos funerais é o azul. E peço licença aos cruzeirenses para dizer que esta foi uma das mais belas e emocionantes conquistas de um clube nos últimos tempos, pois se trata de um reecontro com a história pincharrata, uma belo passeio de volta às origens do clube que assombrou o continente no final dos anos 1960, quando conquistou a América por três vezes. Uma jornada ÉPICA dos alvirrubros castelhanos para reassumirem a sua própria grandeza, conduzida de forma magistral por Verón.

Cerca de 65 mil cruzeirenses compareceram ao Mineirão e viram um começo de jogo INFERNAL, não pelas chances de gol, que foram escassas, mas pelo clima BÉLICO que se instalou pelos quatro cantos do gramado. Ainda que os estrelados tentassem chegar e tivessem mais posse de bola, a defesa do Cruzeiro, jogando em linha, dava a impressão de que a qualquer momento um pincharrata apareceria na CACUNDA do Fábio. A chance mais clara dos argentinos no primeiro tempo surgiu exatamente assim, quando Gata Fernández ajeitou para Boselli bisonhamente errar o pé na bola.

O segundo tempo começou e o andar da carruagem continuava MONOCÓRDIO, com o Cruzeiro sem criar qualquer alternativa – e, de fato, até o final do jogo Andujar praticamente não fez nenhuma defesa – e o Estudiantes dando a impressão de que teria CÃIBRA até na alma. O samba de uma nota só continuou até os seis minutos, quando HENRIQUE resolveu que nada do mundo lhe tiraria o direito de chutar a gol, mandando um petardo que desviou na zaga e morreu nas redes alvirrubras.

Quem passasse a acompanhar o jogo a partir daquele exato momento acharia que o título estava à feição do time de Ádilson Adventista, pois a torcida – que estava bem MURCHA – se acendeu e o time mineiro começou a tocar a bola, dando a impressão de que tomaria conta da partida. O Estudiantes demorou um pouco para se recuperar do ESCALPE, mas, quando o fez, foi mortal. Porque Verón apareceu. La Brujita fez um lançamento simplesmente ESTUPENDO para  Cellay, que cruzou na medida para Fernández empurrar para o gol.

Assim, novamente o panorama se invertia. Porque enquanto o Cruzeiro tinha alguma LUZ apenas nos pés de Kléber, um incansável, os pincharratas apresentavam uma proposta de jogo muito LÚCIDA, esperando na buena e valorizando as oportunidades que apareciam, deixando a bola sempre no pé de Verón, um jogador completo – hábil, inteligente, raçudo e iluminado, toca quando tem que tocar, bate quando sente que pode. A coisa havia se tornado extremamente propícia para o MINEIRAZZO. Tanto que não foi surpresa quando Boselli apanhou um cruzamento e meteu uma CODORNA FELPUDA de cabeça para o fundo dos cordéis mineiros.

Eram apenas 26 do segundo tempo, mas o Cruzeiro já estava morto. Mesmo que nos últimos cinco minutos a chuva de bolas na área tenha gerado algum FURDUNÇO e que Tiago Ribeiro tenha acertado uma paulada no travessão – chute tão potente que chegou a CONGELAR a imagem da televisão. Assim eu digo, e vocês devem acreditar.

Ainda que tivéssemos mais seis dias de jogo, dificilmente o Cruzeiro reverteria. Porque poucas vezes observei um time jogar uma final de Libertadores de forma tão apática. Os estrelados atuaram como se estivessem numa fase classificatória de Campeonato Mineiro.

Nenhum outro desfecho seria possível, especialmente porque do outro lado se tinha uma MATILHA de onze bestas carnívoras que pretendiam de todas as formas acertar as contas com a história pincharrata, hasteando novamente a bandeira vermelha e branca de La Plata no ponto mais alto da América.

Meus sinceros parabéns aos pincharratas. Poucas vezes acompanhei uma conquista de outro clube com tanta COMOÇÃO como nessa quarta-feira. Nos próximos dias, não queria estar na pele dos triperos do Gimnasia. E, se morasse em Minas Gerais, estaria muito mais tranquilo se fosse atleticano.

Aqui os melhores momentos.

As três primeiras fotos são da AP; a última é da Reuters.

Saudações,
Douglas Ceconello.