No ritmo quente da cumbia

De todas as certezas que poderiam existir nesse jogo do Inter de ontem, uma é trepidante: Rentería foi mais importante que Fernandão na história do clube. Quando ele perdeu um gol feito no início do primeiro tempo, o pavor bateu nas hostes vermelhas: se perdeu um gol fácil, o destino inexorável era marcar um gol difícil.
Ontem, deu para ver o poder da mágoa de Sexy Roth: em uma atuação magistral, o eterno treinador do Grêmio fez seu time jogar nos defeitos do Inter. Amassou o Colorado, dominou a bola e atuou nas costas da ainda não muito entrosada zaga do Inter. O problema é que perdeu gols, e isso foi fatal. Com um pouco mais de precisão nas finalizações, o Atlético teria enfiado a bigorna ACME que está suspensa há dias na cabeça do treinador pastorinho.

Dado o ARREGO de voltar do intervalo com o placar em branco, Tite fez a alteração que definiu a partida: D’Alessandro no lugar de Danilo “Forrest Gump” Silva. Giuliano foi deslocado para a direita e o argentino entrou com a instrução básica aos jogadores que custaram o preço que ele custou: “vai lá, e resolve”. Resolveu. Em cinco minutos, meteu um lançamento preciso no pé de Kléber, que achou a cabeça de Edu. 1×0. Pouco tempo depois, aproveitando tentativa errada de Kléber, fez o segundo gol.

A individualidade que decide é sempre um fator preponderante quando a intenção é ganhar o título nacional. Com a saída de Nilmar, surgiram vários candidatos à vaga. O maior deles, entretanto, está na sombra dos grandes meias e atacantes: Kléber foi o jogador mais importante do Inter nas últimas partidas. Quando tem boa atuação, o time faz muitos gols e joga muito bem. Além do mais, está mais fácil cruzar a bola com jogadores altos e fortes dentro da área, ao invés dos azougues Taison e Nilmar. Um estagiário de ciências contábeis foi convocado a contar quantos gols do Inter surgiram dos pés dele, mesmo que indiretamente. Qualquer número abaixo de 434 será desconsiderado.

Ainda houve um terceiro gol, também com Kléber e Edu, antes da torcida delirar chamando Celso Roth para criar raízes na casamata adversária do Beira-Rio, cantando pela cachaça vermelha (abs, Pedro Ernesto) e outras coisas mais. Ao final da partida, o capitão Guiñazú recebeu como prêmio de “campeão do 1º turno” um saco de maçãs de Vacaria, entregues numa cerimônia que fugiu aos olhos da imprensa internacional. Ao contrário das maçãs, que são deliciosas, o título só vale pelo simbolismo.

Especialmente porque no fim de semana tem o Avaí na Ressacada, os 40 mil sinalizadores azuis (número confirmado por fontes seguras), o vento sul e a vingança de Paulo Silas, que prepara um caldo especial para combater a Maldição do Impedimento. O Avaí também vai com um 3-5-2, melhor treinado e com muita vontade de ser uma pedra no caminho. O Inter vai com a arrogância dos líderes e o pavor de ter que combater um Muricy Ramalho pela liderança. Será casca.

Ate a vitória,
Luís Felipe dos Santos