E dizia o provérbio: ganhará aquele que mastigar o vidro da preguiça

Após duas rodadas do Brasileirão, os quatro times que mantêm aproveitamento irreparável são Atlético-MG, Vasco, São Paulo e Corinthians. Depois, ainda invictos mas com um empate na comanda, aparecem Flamengo e Palmeiras. De comum entre eles, a falta de um futebol arrebatador, que os coloque em um inalcançável nível superior técnica e taticamente em relação aos demais, o que paradoxamente nos REVELA, ainda que de forma provisória, o equilíbrio do campeonato.

Entre o que precisa ser celebrado está, por exemplo, um tradicional embate que envolve duas populações de torcida maiores que 93% dos países da ONU, segundo estimativa do ImpedData, colocando frente a frente Bahia e Flamengo. Sempre lamentando, é claro, a ausência da combalida e eterna Fonte Nova. Mas isso passa despercebido em um confronto que acaba em 3 a 3, com Jobson, o Filho do Trabalho, emergindo do cachimbo para cair nas graças de uma das maiores torcidas do país, marcando dois gols, um deles o que assegurou o empate, aos 44 do segundo tempo.

O time que aparentemente poderia sair num galope incontestável neste começo de temporada, já que tem bala na agulha e está apartado de outros PERRENGUES eliminatórios, é o São Paulo. Mas, mesmo diante do aparentemente inofensivo Figueirense, a esquadra do praticamente demitido e novamente reempossado Paulo César Carpegiani, encontrou dificuldades incontáveis.

O único gol da partida nasceu quando o time de Florianópolis já se julgava capaz até de ganhar o jogo. Aos 46’40” do segundo tempo, a bola estava ao lado da área são-paulina, com a torcida vaiando o time da casa, quando um BALÓN louco e inconsequente encontrou Lucas, que girou e, de fora da área, mandou quase no meio do gol, contando com a ajuda do arqueiro Wilson e suas mãos consistentes como papel higiênico molhado.

Na Arena da Baixada, em um cenário aparentemente desesperador para o Grêmio e sua constelação de desfalques, tivemors um jogo que se mostrou deveras atraente justamente pela falta de qualidade dos times. Bom ver que Renato Portaluppi não perdeu todas as sinapses do mundo enquanto fazia festas que obrigavam o Cristo Redentor a fechar os olhos: montou um time precavido, com um sistema defensivo que se apresentou com inesperada consistência.

Esperou o Atlético-PR debater-se com Paulinho, Rômulo e Paulo Baier no primeiro tempo, sem que sua meta fosse ameaçada uma única vez, enquanto saía apenas na boa e levava algum perigo ESPORÁDICO com chutes de fora da área e cruzamentos que encontravam apenas o DECAPITADO Júnior Viçosa. Conseguiu ter um gol marcado a seu favor quando Rafael Santos, também conhecido como “o vertebrado com menos qualidade que já ingressou no PERÍMETRO do Beira-Rio”, recuar de CHAPA e de maneira indefensável para Márcio, arqueiro que inaugurou no Olímpico a classe dos Perebas Imortais, os que pouco jogam mas batem no peito e dizem que nasceram pelo Grêmio.

Na segunda etapa, com Branquinho e NIETO em campo, a coisa encrespou de forma irrevogável para os tricolores. Exceto por uma ESCAPADELA de Neuton, os atleticanos passaram o tempo inteiro jogando no último quarto ofensivo, obrigando Victor a no mínimo três defesas fundamentais. O ferrolho portaluppista atuou com ABNEGAÇÃO, tendo como grandes destaques, além do selecionável arqueiro, o volante Fábio Rochemback, que jogava por ele e por Douglas e sua displiscência somada a dezoito quilos de CULOTE, e o zagueiro SAIMON. Os atleticanos tiveram gana e alguma qualidade, mas a afobação apocalíptica de NIETO, a velhice incontornável de Paulo Baier e o fato de acreditarem que o pequeno Buda arrogante Madson pudesse virar o jogo acabaram sendo determinantes para a derrota em casa.

Outro fato pitoresco da rodada foi perceber como o Internacional usou as duas semanas nas quais jogou apenas uma vez para tentar – e não conseguir – aprimorar sua única jogada: tabelinhas previsíveis e cruzamentos incompetentes do lado esquerdo do ataque, desesperadamente precurando pelos milagres de FREI DAMIÃO. Nenhuma triangulação, jogada de profundidade ou aproximação no setor ofensivo. Como se não bastasse, todos jogando com o folêgo de frangos alimentados por sondas e preparados para serem abatidos como PUFES de carne e servidos no inconstante fast food dos pega-ratões imortais. Foram vítimas fáceis para o APLICADO time do Ceará e para a estrela sempre brilhante, ainda que já idosa, de Pedrito Iarley, que marcou o único gol do jogo e saiu comemorando de forma moderada, como quem diz: “Vocês não me deixaram outra opção. Saudades do Puyol.”

Botafogo 1 x 0 Santos
Avaí 1 x 3 Atlético-MG
Internacional 0 x 1 Ceará
São Paulo 1 x 0 Figueirense
Corinthians 2 x 1 Coritiba
Bahia 3 x 3 Flamengo
Cruzeiro 1 x 1 Palmeiras
Atlético-PR 0 x 1 Grêmio
Vasco 3 x 0 América-MG
Atlético-GO 0 x 1 Fluminense

Saudações,
Douglas Ceconello.