Ao tranquito, no más

Certamente, o quadrante do chaveamento da Libertadores onde está se praticando o futebol mais medonho é aquele no qual militam Jaguares e Cerro Porteño. Ontem, quando aqui no hemisfério sul a quinta-feira já era sexta, os herdeiros de Lugo e os seguidores de Marcos fizeram um jogo de baixa qualidade, tipo esses que a gente vê na Champions League. Mas, nos acostumemos: um dos times estará na semifinal da Copa e precisamos aprender a lidar com isso.

Os dois gols da partida – um para cada lado – aconteceram no segundo tempo, depois de uma primeira etapa de baixa movimentação ofensiva. Jogando de visita, o Cerro Porteño mantinha-se naquela retranca parceira que o fez eliminar o Estudiantes sem marcar um gol sequer. Como a pressão mexicana era eventual e de baixa qualidade, volta e meia os azulgranas beliscavam.

Não sem sustos e uma ajuda do bandeira, diga-se. A uma certa altura do segundo tempo, Miguel Martinez chutou para o gol de Diego Barreto depois de a bola esbarrar em um defensor do Cerro. Não parecia estar impedido, mas o gol foi anulado.

Em seguida foi a vez do Cerro perder sua oportunidade, pelos pés do atacante Nanni, que solitário em frente à grande área demorou para arrematar a gol e foi desarmado pelo adversário, recebendo a solidariedade de nós, peladeiros que não temos nenhum fôlego. E olha que o cidadão em questão é o artilheiro da Libertadores, com sete gols.

O Cerro Porteño abriu aplacar quando quem mais atacava era a equipe zapatista. O tento foi anotado por Jonathan Fabbro, que vem se consolidando como o grande nome do time de Leonardo Astrada, desde que comandou a classificação heroica diante do Colo Colo. Mas aos 45 minutos, Antonio Pedroza cabeceou no poste e a bola entrou para decretar o empate do Jaguares, resultado final.

Fabbro faz coraçãozinho e põe classificação a perigo

Mesmo sofrendo o empate no final, é o Cerro Porteño quem tem mais condições de obter a classificação. A partida de volta será na quinta que vem, provavelmente no La Olla, estádio adequado para uma Libertadores e que estará mais uma vez atopetado de cerristas.

Se o Peñarol avança na base dos gritos de toca, toca, êra, êra, o cavalo paraguaio segue ao tranquito, no más. A exemplo dos uruguaios, o Cerro Porteño tem uma equipe modesta, mas obstinada. Ao lado, uma imensa torcida popular, entusiasmada. Seria bonito, embora quase impossível, vê-los na final da Copa.

Venceremos,
Daniel Cassol