São gritos de vamo cavalo….

…toca toca, êra êra. É assim que o Peñarol avança na Copa Libertadores da América, rumo à sexta taça.

No Centenário, o primeiro tempo mostrava um time aurinegro atacando na base do sufoco enquanto os chilenos defendiam com muita consciência, saíam bem para o ataque e até criavam chances de gol. Mas quem sabe o que é vencer ‘a lo Peñarol’ sabe que lá pelas tantas, o diabo (ou seria Deus?) rola os dados e coloca o improvável para jogar.

O improvável do primeiro tempo se deu em um cruzamento sem absolutamente nenhum peso de Urretaviscaya que seria fácil para o goleiro Garcés. Entretanto, Garcés soltou a bola nos pés do centroavante Juan Manuel Olivera, que não perdoou.

Era improvável por que o Peñarol parecia não ter a menor ideia de como chegar no gol da Católica. Seus jogadores não são exatamente ruins, em sua maioria, mas são limitados: mesmo Jonathan Urretaviscaya, capaz de brilhar em dribles, não é exatamente um rompedor de defesas. Entretanto, a Universidad Católica de Pizzi entrou em campo com um 4-4-1-1, só com Cañete e Pratto no campo adversário. Nem conseguia amorcegar o jogo prendendo a bola na defesa – os chilenos davam balões mesmo, e o Peñarol ficava chutando a bola contra a parede. Uma hora, a parede abriu, e os times foram para os vestiários do Centenário com vantagem carbonera.

No segundo tempo, houve um jogo de verdade. A Católica decidiu arriscar e envolveu várias vezes o Peñarol com boas trocas de passes, boas triangulações e criando algumas chances de gol. O Peñarol jogava no contra-ataque, aproveitando a boa velocidade de seus jogadore s de frente. A partida ficou interessante e ambas as equipes criavam com frequência.

Porém, havia Garcés, o personagem do jogo. Autor de boas defesas pelo chão, Garcés tinha sérios problemas com qualquer bola pelo alto, de tal forma que um zagueiro da Católica – muito amigo seu, suponho – decidiu MARCÁ-LO até o fim da partida. Sempre que havia um cruzamento, um escanteio ou uma falta, lá estava o zagueiro amigo para saltar junto com Garcés e pronto para chutar qualquer bola que ele soltasse. A marcação, entretanto, não foi eficiente no último lance da partida – aos 48, o Peñarol despachou a bola para frente a esmo e Garcés soltou exatamente no pé do atacante Martinuccio. O atacante não precisou sequer chutar: a bola jogada nos pés dele rumou ao gol sem qualquer interrupção.

O gol derradeiro transtornou de tal forma o jogador Lucas Pratto, da Católica, que ele saiu desesperado tentando bater em qualquer pessoa que aparecesse na sua frente, vestindo uma camiseta do Peñarol invertida com a gola alta.

O Peñarol, se não tem cara de campeão – ainda falta alguma qualidade – tem cara de finalista. É um time que adota muito bem a tática do vamo que vamo, consagrada na música de José Claudio Machado. Se não se desequilibrar emocionalmente no alçapão de Apoquindo, chega com muita força à semifinal.

Até a vitória,
Luís Felipe dos Santos