O início do fim do Império Portaluppi – visão de um torcedor míope (mas não cego)

Se o nobre leitor pensa que irá ler um desabafo descabido, ou um TSUNAMI de frases que tem por alvo o Olímpico e Renato, acompanhado por brados de fúria e ódio, PARE de ler exatamente nesse ponto. Se por outro lado, acredita que lerá um texto revestido de IMORTALIDADE, letras avançando como carrinhos do Dinho e cânticos da Geral, também aqui é o seu ponto de parada.

Esperando que alguém tenha avançado para ler o texto, prossigo.

A chegada de Renato Portaluppi ao Olímpico, no papel de treinador, foi marcada pela imensa alegria da torcida e por discursos de amor eterno ao clube que o projetou. Ter a encarnação de DEUS de volta, com a missão de tirar o time do buraco (cujo fundo era a Segundona) ouriçou a GERAL, a Social, as Cadeiras e até os outdoors do Olímpico. Renato sabia da missão ingrata que lhe aguardava e, desde o início de seus trabalhos, fez o que dele se esperava: blindou vestiário, trouxe para si TODO o grupo de jogadores e sempre direcionou os problemas para o seu peito. À época não era possível saber, mas ali começava a montagem do castelinho de areia do Imperador Portaluppi. O time respondia com dedicação, raça, garra dentro de campo. A torcida estava maravilhada com o que o Todo Poderoso no comando fazia com aqueles jogadorzinhos. O time estava subindo na tabela, a corda estava sempre esticada, as ideias não muito claras de Renato funcionando. O time do Grêmio não tinha padrão de jogo, mas o que interessa padrão se o time tem pinta de campeão? E se o time vai ser campeão, ideia de treinador não precisa ter razão.

E essas ideias sem razão (ou deveria dizer conceitos sem PRECONCEITOS?) levaram o Grêmio do rebaixamento à quase Libertadores. Vejamos algumas: lançou Paulão Caveirão na zaga como se fosse o melhor zagueiro de todos os tempos, o que não só funcionou como fez ele ser vendido a peso de ouro; colocava o desconhecido CLEMENTINO a jogar aos 45 do segundo tempo e aos 49 ele fazia gol; benzeu a camisa 7 tricolor com seus FEROMÔNIOS afrodisíacos e enlouquecedores e transformou o pior atacante do mundo em goleador do Brasileirão (tivesse, nessa época, feito metade dos gols que perdeu, teria sido o maior goleador do Universo). E no auge do “Eu tudo posso”, após jogar futevôlei em Copacabana, deu uma secadinha básica, com aquela sunga da sorte, no tal do HE-MAN e, de quebra, entrou para a Libertadores.

Mas, socorrendo-me daquele treinador que conhece muito de longos campeonatos e nada de MATA-MATA: “Um dia a bola cobra”. E ela sempre cobra. No entanto, Renato não se deu conta disso ou não acreditou que essa cobrança o vitimaria. E continuou com seus (des)mandos dentro e fora de campo. Pediu e levou o nosso tão amado CAZALBERTO; cansado, disse que não iria ao interior acompanhar os jogos do Grêmio; retirou Adílson do meio campo sem se preocupar com a marcação; bancou Gílson na lateral esquerda; manteve o esquema de jogo, feito exclusivamente para que Lúcio pudesse jogar, SEM Lúcio. E aí começaram a aparecer as primeiras rachaduras no castelinho de areia do Rei Renato.

E o que poderia falar a direção? Todos sabem que Odone (Ou OdonO, como queiram) não é afeito a Renato. Certamente pensou: “Tudo o que o cara faz dá certo. Não vou me queimar com a torcida. Vou me preocupar em fechar contrato com a Globo. Daqui a pouco tudo se ajeita”. E foi o que fez. E a torcida? Bom, a torcida do Grêmio esteve/está/estará cega, surda e muda. Cega com o brilho que reluz do ídolo Renato. Não entenderam (ou não querem entender) que o Renato de agora é treinador. Surda com discursos que evocam a imortalidade, a raça e que mandam o patrão se danar. E muda porque jamais gritará contra o seu maior ícone. É preferível, e mais fácil, vaiar um guri que está começando a admitir que o Divino não sabe armar um esquema de jogo.

Tudo aquilo que se desenha no horizonte que está a um palmo do nariz de todos arranhará a imagem do ídolo Renato? JAMAIS. Renato é aquele cara que deu o maior título de todos os tempos ao Grêmio. Ele é o HOMEM-GOL. Escreveu seu nome na história do clube de uma forma que ninguém apaga: com TAÇAS. E como treinador? Acredito que Renato tenha muita coisa a aprender. A principal delas é que um time não pode jogar sempre com a acorda esticada. Outra coisa é que somente garra, raça e vontade não ganham nada. É necessário um esquema de jogo consistente, algo que funcione como engrenagens, em que ele saiba a função de cada peça. Renato é um treinador arrojado, gosta de seu time pressionando, deve ser resquício de seu posicionamento em campo. Aí sobra sempre para a defesa. Nos times de Renato, a defesa não é trabalhada com esmero. Falta alguma coisa. Uma opinião bem particular minha. Assim como é minha opinião que o ciclo de Renato no Grêmio tenha chegado ao fim. Espero que um dia ele volte, mais maduro, com novas ideias, porque ele sairá do clube sem qualquer pingo de ódio. Bem diferente da situação em que saiu aquele que não se pronuncia o nome.

Torço para que o Renato cale a minha boca e seja campeão Gaúcho, da Libertadores e do Mundo no comando Grêmio. Torço porque sou míope. Mas não acredito. Porque não sou cego.

Aguardo-os na ImpedCopa!

Texto enviado por Leandro Araujo Vizzotto