Especial Libertadores – Grupo 8
16/02/2011 at 15:00 douglasceconello 19 comentários
A chave com mais taças que a Copa já pôde ver
Em 51 edições da Copa Libertadores, nunca um grupo teve um armário com tantas taças como o Grupo 8 pode ostentar agora. Os quatro clubes somam 13 copas, sendo 12 com nítidas evidências de poeira – justamente as de Peñarol (dono de cinco trofeus) e Independiente (patrão de sete), que não conquistam a Libertadores desde os anos 80. Coincidentemente, carboneros e rojos se juntam após oito anos de ausência na fase de grupos da competição. A LDU de Quito guarda a taça mais nova, datada de 2008, e que encerra a contagem. Quem completa a chave 8 é o Godoy Cruz, de Mendoza – primeira equipe de fora dos quatro grandes eixos do futebol argentino (Cidade de Buenos Aires, Província de Buenos Aires, Córdoba e Santa Fé) a disputar a Libertadores.
Club Deportivo Godoy Cruz
É o único da chave que nunca festejou uma Libertadores – MUITO porque nunca disputou o torneio. Sétima equipe do interior argentino a ingressar na competição, o Godoy Cruz apresenta a conquista da Nacional B de 2005-06 como o seu ápice esportivo. Os primeiros anos na elite foram, como costumam ser para os interioranos, difíceis e repletos de mudanças bruscas. A equipe se manteve apenas uma temporada após o primeiro acesso e, em 2007, foi derrotada pelo Huracán na famigerada Promoción. O apressado revés serviu para que se juntassem os cacos com raiva nas cercanias do Estádio Malvinas Argentinas, palco de seis partidas no Mundial de 1978. Em 2008, a partir do segundo posto na Nacional B, o Godoy Cruz volta à primeira divisão.
Como se não tivesse aprendido absolutamente nada com o rebaixamento, o reinício do clube foi desastroso. Termina o Apertura de 2008 em 12° e com uma média de pontos que indicava um novo descenso em um par de torneios. Para evitar a caída, quem assume a casamata no Clausura é Diego Cocca, que substitui Daniel Oldrá. Guiado por Cocca, o Godoy Cruz termina em nono e escapa do rebaixamento. A partir deste momento, ocorre uma grande alternância de treinadores, com o quadro de Mendoza outra vez flertando com os últimos postos. O ar só chega com a contratação do técnico “El Turco” Asad. Surge, então, a trajetória que culminaria na Copa Libertadores. No Clausura de 2010 o BODEGUERO, como a equipe é conhecida, alcança os 37 pontos e a MEDALHA DE BRONZE no torneio. No Apertura, mantém a média e garante a classificação.
A verdade é que o presente do Godoy Cruz é bem menos caótico. Nas jornadas que resultaram na classificação copera, bons jogadores surgiram nas fileiras de Mendoza – o melhor deles, o talentoso meia David Ramírez, bandeou-se para o Vélez Sarsfield logo quando a coisa ficou boa. Para a Libertadores, a aposta é em uma legião de uruguaios, comandados pelo técnico Jorge “Polilla” da Silva, um ex-jogador do Defensor que logrou certo destaque no Atlético de Madrid na década de 80. Entre os atletas que podem despontar, aparecem o atacante Alvaro Navarro, ex-Defensor e Gimnasia de La Plata, o meia Carlos Sánchez, ex-Liverpool-URU e o volante Nicolás Olmedo, criado nas divisões de base do próprio Godoy Cruz e que hoje exibe no braço a faixa de capitão. Nos próximos dias, deve ser anunciado o também uruguaio Rodrigo Mora, atacante, ex-Defensor Sporting, eleito melhor jogador do Apertura oriental. No último final de semana, o Godoy Cruz estreou no Clausura argentino com um 4-1 sobre o Boca Juniors na Bombonera, em uma das suas melhores apresentações na primeira divisão. Projeção: não está tão abaixo dos demais e, se não classifica, vende caro a sua vaga.
Club Atlético Independiente
Há oito anos ausente, o maior campeão da história da Libertadores volta finalmente ao certame. E o regresso do Independiente chegou, bem ao estilo do Rey de Copas, com outra conquista, a da Copa Sul-Americana em 2010. Eliminando Argentinos Juniors, Defensor Sporting, Tolima, LDU e, na final, o Goiás, o Independiente ergueu a Suda e garantiu a presença na Libertadores. O foco dos vermelhos de Avellaneda esteve todo na competição continental – e os descuidos no Apertura da Argentina deixaram a equipe na vergonhosa lanterna do campeonato, com míseros 14 pontos conquistados em 19 rodadas. Do que foi apresentado na Sul-Americana, fica a hierarquia demonstrada no mata-mata, que chegou a lembrar o Independiente de outras eras. No entanto, e apesar do título, em muitos duelos o futebol apresentado foi sofrível.
Mesmo no gramado impecável do novo Estádio Libertadores da América, o diablo mostrou em 2010 uma dificuldade gigantesca em manejar a bola. As vitórias chegaram muito pela presença e experiência do seu ataque, com Silvera e Parra, e pela segurança conferida pelo veterano Tuzzio na zaga. Hilario Navarro, o goleiro que já realizava milagres pelo Cerro Porteño, foi outro dos grandes nomes na temporada passada. Foi justamente Navarro quem garantiu, na pré-Libertadores, a passagem do Independiente para a segunda fase. As altas para 2011 são poucas: volta o atacante Núñez, que estava no futebol turco, e chega Matías Defederico, o RUBI daquele Huracán encantador de 2009 e que não encontrou uma boa sequencia de atuações no Corinthians.
Na primeira rodada do Clausura, deixou o Vélez Sarsfield empatar uma partida que vencia por 2-0. No gol de empate, Martínez aproveitou uma evidente falha de Navarro. Inicia a jornada na Libertadores recebendo o Peñarol em Avellaneda, para viajar a Quito e fechar o turno em casa contra o Godoy Cruz. Para realizar algo que se assemelhe à última taça, a façanha dos comandados por Antonio Mohamed será fingir que se joga um grande mata-mata – vencer em casa, perder de pouco como visitante e catimbar até o final. Projeção: se Defederico não melhorar o futebol da equipe, a classificação parece improvável. O Independiente parece uma equipe travada, eternamente nervosa e que encontra seus gols por acaso.
Liga Deportiva Universitária de Quito
No início da última década, a LDU – e disso poucos lembram – se debatia na segunda divisão do Equador. Pôde voltar logo em 2001, quem sabe pensando que aqueles anos seriam de dureza e dificuldades na altura de San Francisco de Quito. Ao fim e ao cabo, com a década encerrada e os números contabilizados, pode-se dizer que foi o período mais glorioso da instituição e do futebol equatoriano. Foram quatro campeonatos nacionais (2003, 2005, 2007 e 2010), uma Sul-Americana (2009) e a sonhada e perseguida Copa Libertadores (2008). No entanto, nem empilhar títulos serviu para que o IFFHS considerasse a Liga de Quito como um dos grandes clubes da década – no ranking definitivo, a LDU aparece em 19° lugar, atrás de UNIVERSIDAD CATÓLICA e SAN LORENZO.
Talvez por temor, talvez por motivos de secação, mas sempre pelos que desejam o seu fim, a LDU aparece, por vezes, com o adjetivo de decadente. Como se fosse simples manter o nível futebolístico de 2008 e levar para o Equador todas as Libertadores possíveis. Mesmo que em 2009 a participação na Libertadores tenha sido bastante fraca, na Sul-Americana daquele ano LA BORDADORA reeditou a emoção do duelo contra o Fluminense que, um ano atrás, havia determinado a conquista do continente. Em duas finais consecutivas, a LDU silenciou o Maracanã pela mínima vantagem possível – em 2008 nos pênaltis, em 2009 pela diferença de um gol no confronto que teve o placar agregado de 5-4. A atual edição, inclusive, pode reservar um terceiro embate entre cariocas e equatorianos.
Em termos mais práticos, a LDU seguirá contando com suas tradicionais referências: Cevallos no arco, Reasco na defesa, Urrutia no meio-campo e Bolaños no ataque. Na casamata, segue Edgardo Bauza, o técnico que deu a Libertadores ao Equador e reassumiu a Liga em dezembro de 2009. Carlos Luna, atacante argentino que muito balançou os cordões pelo Tigre e que foi importante peça da Liga em 2010, permanece no plantel. Cevallos também pôde ampliar o seu folclore e agora atuará ao lado do filho, JOSÉ FRANCISCO CEVALLOS JR., de 16 anos. “El Panchito”, aliás, marcou seu primeiro gol com a camiseta da LDU na partida contra o Barcelona, na segunda rodada do campeonato nacional que há pouco iniciou. Projeção: se volta a se impor no Estádio Casa Blanca, passa de fase com alguma tranquilidade.
Club Atlético Peñarol
O Peñarol volta à Libertadores com ambições de tocar o céu. Outro que estava afastado há oito anos da fase de grupos, o aurinegro é o terceiro maior vencedor da competição (5 títulos), o clube com mais participações (37), o terceiro em número de pontos conquistados (492) e o que pôde abrigar os três maiores artilheiros da história da Copa: Alberto Spencer, Fernando Morena e Pedro Rocha. Os números, as recordações e todas as taças que hoje dão brilho ao memorial podem ser ampliados em 2011. Para voltar com força ao certame em que se fez tão presente, o Peñarol se reforçou e descarta morrer na primeira fase – mesmo que o sorteio dos grupos tenha dificuldade parte das coisas.
O planejamento copero começa pela casamata. Quem grita as ordens no Peñarol é o autor do gol do título da Libertadores de 1987, “La Fiera” Aguirre. O técnico volta ao time depois de um semestre ausente. Após levantar o campeonato uruguaio que credenciou o time para a Libertadores, Aguirre deu un paso al costado e o manejo técnico da equipe ficou com Manuel Keosseian. Nada deu certo na segunda metade do ano passado, com a equipe padecendo da ressaca pós-título. Keosseian não acertou a mão e as atuações se tornaram pálidas. Com “La Fiera”, a característica mais marcante da equipe era de sempre “atacar para baixo”, como se o campo sempre estivesse inclinado para onde a meta adversária indicava. É essa a estratégia a ser retomada na edição de 2011.
Juntam-se a Aguirre: Fabián Carini, uma promessa que nunca conseguiu garantir segurança ao gol uruguaio; Carlos Váldez, zagueiro que vestiu a camisa da Celeste nas últimas eliminatórias que há tempos militava no Reggina italiano; Luis Aguiar, volante cedido pelo Dínamo de Moscou; Matías Mier, meia que despontou no Fénix; Urretaviscaya, quase um ponteiro, ex-River-URU e Benfica; e Juan Manuel Olivera, centroavante que cansou de fazer gols no Chile. Pablo Cepellini e Federico Rodríguez, destaques da seleção sub-20, trocaram o Bella Vista pelo Peñarol mas foram transferidos para a Europa antes de disputar qualquer partida oficial pelo aurinegro. Projeção: leva certa vantagem em relação aos argentinos Godoy Cruz e Independiente, com os quais briga diretamente pela classificação.
Saludos,
Iuri Müller.
Entry filed under: Libertadores.
1. arbo | 16/02/2011 às 15:27
iuri nasceu sabendo escrever
renovem com esse guri pra 2048
2. arbo | 16/02/2011 às 15:29
[mas tbm, esse grupo era um prato cheio. melhor grupo. torço por godoy e peñarol]
3. Roger | 16/02/2011 às 15:56
Assisti a um jogfo do Peñarol no centenário, em dezembro ultimo, pela penultima rodada do Uruguaião 2010.
Se continua parecido com o que eu vi, leva goleada da seleção da Impedcopa.
O TIME É BISONHO!!!
4. rafael botafoguense | 16/02/2011 às 16:17
carimba godoy,carimba q o texto é legaaaal
5. Roger | 16/02/2011 às 16:51
O texto do Iuri é o que há de melhor no jornalismo esportivo tupiniquim.
6. Álisson | 16/02/2011 às 16:55
Pela mística (ui) gostaria de ver peñarol e independiente classificados.
7. matheus | 16/02/2011 às 17:11
peñarol tem que passar de fase e sair na frente em casa nas oitavas, só pra galera chorar…
8. Eduardo | 16/02/2011 às 17:23
com exceção das chaves de Grêmio e inter, todas as outras estão razoavelmente competitivas, hein? os 2 times de porto alegre tem obrigação moral de terminar a fase de grupos entre os 4 primeiros na classificação geral.
9. m | 16/02/2011 às 18:21
iuri aprimora sua escrita elegante com o capslockismo ceconelliano. agora ninguém segura mais.
10. Lucian | 16/02/2011 às 23:05
Gol aos 49. Meu deus, parece o Tite. Técnico novo no mata-mata urgentemente.
11. Ernesto | 16/02/2011 às 23:15
Bah, que treinador safado cara. O problema é a teimosia e a retranca. Minha mãe definiu bem. PRa acabar com a pecha do “quase” ele fez um time pra ganhar. Mas depois, voltou a ser o velho Roth.
Goleirão falhou de novo. Embora, com essa zaga.
Treinador teimoso, ordinário. E esse zagueiro Rodrigo. Um vagabundo, negro marginal, e gremista. Alem de ser ruim. Palhaço, chamou o time dos cara pra cima por que ? Nao queria colocar o castilhano, e o cara foi lá e guardou a bucha.
Bah, daria um tiro nesse patife, certamente, se tivesse uma arma.
12. J Petry | 16/02/2011 às 23:19
Apaguem o 11, por favor.
Mas o Rodrigo parece ter entrado pra avacalhar mesmo. Bagunçou a zaga.
13. Eduardo | 16/02/2011 às 23:23
tchê, não acompanhei o jogo. acabo de ligar o rádio na internet e vejo o Luigi reclamando de objetos ATIRADOS no campo? ele acha que tá jogando QUE CAMPEONATO??? hehehe pelos comentários da rbs. parace que o inter amassou. SÓ não fez mais gols…. hehhee. mesma história de sempre…
14. Eduardo | 16/02/2011 às 23:24
vejo o Luigi = escuto o Luigi , é claro.
15. Gerhardt | 16/02/2011 às 23:37
#12, não apaga não, esse rapaz fetichista sonha com a resposta do mestre CUNA.
até nos comments a torcida interzista consegue ser surreal.
agora, vianey na gaucha ta tendo chilique. ele acabou de mandar ao diabo as nomeclaturas taticas e em seguida emenda q o roth colocou na verdade o inter no 4 2 1 2 1 1 1 0 e q o roth esta tentando enganar a todos.
muito engraçado
16. Eduardo | 16/02/2011 às 23:55
USM acaba de fazer 2 no Once Caldas… que fase!!!
17. Rudi | 17/02/2011 às 00:04
TREINADOR COVARDE, SÓ ISSO
18. Rudi | 17/02/2011 às 00:06
Eduardo, no 14
o segundo tempo foi de domínio colorado até o gol, o Damião teve umas 3 ou 4 oportunidades e o goleiro operou pelo menos uma defesa muito difícil
mas feito o gol, Bollatti fora pra entrar o Rodrigo Coca-Cola e fudeu tudo
eu não sei a real condição física do cara, mas se ele tivesse que sair, que entrasse o FILHO DO BOM AR ou o TINGA PREDADOR que a gente não perdia a meiuca e tudo certo
VOLLTA ABELÃO
19. matheus | 17/02/2011 às 00:13
tira o cara do vasco
e o juizao liberou tudo hein