Aos 25 do segundo tempo, EDU DRACENA conclamou a torcida

Quem esperava um passeio do Santos sobre o Grêmio nunca sequer observou mesmo que remotamente uma bola ou está se candidatando a uma vaga de auxiliar de redação no Cirque du Soleil. Como era esperado, os Miquinhos Amestrados de Dorival “João Penca” Júnior tiveram extremas dificuldades e venceram graças à interferência do acaso.

Mas eu não posso esconder e abro meu coração para dizer a vocês que nunca fui tão humilhado moralmente em toda a minha vida quanto nesta quarta-feira, precisando torcer para esse time do Santos.  Antes da partida, jogadores perfilados cantando o hino, todos lá, APRUMADOS, com as camisas devidamentes ENGOMADAS. Mas dois se diferenciavam. Robinho e Neymar estavam com as golas das camisas levantadas. Porque eles não podem ser iguais. Eles são MOLEQUES, eles representam a alegria do futebol brasileiro. Eles são Pelé, Maradona, Roberto Marinho, WASHINGTON OLIVETTO, Garrincha, Romário e MARCOS BREDA, tudo que temos de MELHOR, junto e misturado num pote com creme de leite.

O primeiro tempo do Santos foi absolutamente lamentável, com nenhuma jogada aguda e um sem número de superficialidades que fariam os realistas de nossa literatura corarem de vergonha. Enquanto isso, o Grêmio, bem postado, encontrava espaços e poderia bem ter aberto o marcador. O quarteto improvisado na zaga tricolor, com Edílson, Rafael Marques, OZÉIA e Joílson, é preciso que se diga, saiu-se muito bem. E a defesa do Santos, os mártirs deste time, pois são dois viventes defendendo para oito atacarem, fazendo das tripas coração para segurar Borges e suas viradas traiçoeiras

No segundo tempo, de fato, o Santos voltou melhor. Silas havia segurado 45 e assim queria seguir, adelante rumo aos 90, como se na vida e no futebol tudo pudesse ser planejado com a frieza dos ENGENHEIROS. Neste momento percebi que PARÁ estava jogando com a camisa número CEM e pensei que não há limite para se rastejar. Mas o Grêmio voltou destrambelhado, sem saída de bola, com Hugo e Douglas assistindo ao jogo e ADÍLSON precisando jogar por todos no meio-campo. O Santos, que rondava sem entrar na área, encontrou o gol com GANSO, que não sabe dançar, com uma bucha de fora da área.

A partir daí, com o Grêmio quase desacordado, o Santos deitou e rolou pelos lados do campo, e só não marcou mais porque lá na Vila o pedágio é a firula. Certamente, nunca viram o CARROSSEL CAIPIRA do Mogi Mirim atuar. Aquilo é que era time. Mesmo sem querer, como diria Casagrande sobre o Boca Juniors, o Santos aumentou, com Robinho, por cobertura. E a partir daí a porteira de Silas, o Caseiro, se abriu, e poderia ter sido mais uns três.

Mas o Grêmio continuava sendo o Grêmio e o Santos continuava jogando na sua tática meia ponta. E Rafael Marques foi lá, marcou na falha de Felipe e gerou uma sangria desatada até os 4o minutos, quando Wesley marcou o 3 a 1. Qualquer história sobre futebol arte x futebol força será bobagem. O Santos correu riscos, poderia – e em alguns momentos deveria – ter perdido mas ganhou. O Grêmio não conseguiu ser ESTÁVEL, não reforçou a tranca da porta dos fundos e dormiu o sono da bruxa.

E essa foi a saga do vice-campeão, inescapável vítima do Vitória, que bateu o Atlético de Goiás por 3 a 1 4 a 0.

Aposto meu Chevette.

Saudações,
Douglas Ceconello.