Sob o signo de Dunga

Outros analistas maizomenos gabaritados já desfilaram aqui nesta tribuna impedimentística seus tratados, teorias e outras mumunhas sobre o que entendem ser o insustentável e leve enigma que assombra a nação em 2009: Por que diabos ninguém quer levantar o caneco deste impoluto Sarneyzão/2009?

Apesar de produzirem textos clássicos, cheios de manemolência e outras firulas, nenhum destes portentos das letras ludopédicas (matem na torácica e distribuam, fariseus) desenvolveu alguma tese que, ao menos, triscasse a verdade – esta menina traquina que salva e liberta.

E estes chutes dos referidos e inolvidáveis estudiosos foram diretos para o escanteio da história porque eles cometem um erro fundamental: Estão se debruçando (lá eles) sobre o que a contemporânea filosofia de botequim classificaria como um ‘falso problema’.

Definitivamente, não é verdade que ninguém queira segurar e levantar o obscuro objeto do desejo feito por Holoassy Lins de Albuquerque. A questão central é que há um fantasma que paira, ronda, enoja o Brasileirão – e que foi definido assim por Luis Fernando Verissimo: “Dunga não consegue entender a vida sem dificuldade”. Esta inexorável, inoxidável e premonitória sentença do filho de Érico, que traduz a epopéia do atual certame, foi feita no ano da graça de 1994. Portanto, 15 anos antes da chibança acontecer.

“Agora foi que eu vi merda subir de preço. Que diabos o referido anão tem a ver com este campeonato, além da baixa estatura?”, interrompe-me a pudica leitora. E eu, que não resisto aos questionamentos de mocinhas pudicas, respondo logo.

Seguinte é este.

Conforme é de conhecimento de todos aqueles que pescam no Google, o carrancudo Carlos Caetano Bledorn Verri fez campanhas sofríveis no Brasileirão envergando (quase escrevi envergonhando) a camisa do Internacional. Em 33 jogos, conquistou apenas 11 vitórias, empatou nove vezes e sofreu 13 derrotas e, neste instante estatístico, aquela mocinha pudica retorna.

“Mas, Sêo Françuel, o que é que o cu tem a ver com as calças se a calçola (dá-lhe, Thalles) está no meio?”.

Novamente, como sói, sucumbo ao pedido e explico.

Minha filha, a questão é que o tal do Dunga decidiu limpar sua biografia junto à coloradagi (Alô, Carlos). E, como detém o poder, mas não entende a vida sem dificuldade, em vez de reforçar a equipe gaúcha, ele partiu para a destruição dos concorrentes, com a seguinte e infalível estratégia: convocar um monte de zé ruelas para a Seleção, botando-os para vestir (e tremer com) a amarelinha.

E fez maldades inacreditáveis, começando contra o São Paulo.

Sabedor de que os bambis pulavam alegremente para conquistar o quarto título, apesar de praticar um futebol mais troncho do que cu de calango, Dunga decidiu minar o ponto forte da equipe: o sistema defensivo. E convocou Miranda para vestir a camisa 4, a mesma que havia sido do craque Luisinho há cerca de 30 anos. Ato contínuo, a melhor zaga do campeonato começou a levar gols até de Jobson e ficou mais furada do que tauba de tiro ao álvaro.

Outro bravo concorrente do Inter era o Atlético Mineiro, que possuía um ataque insinuante comandado por Tardelli. Solução? Bota a amarelinha nele. Feito e certo. O cidadão voltou a ser o reardeli de sempre e o Galo Mineiro cumpriu a sina de Sexy Hot: ficou na mão.

Porém, Dunga reservou a crueldade maior para o time que todos já davam como campeão, o Palmeiras. A referida agremiação, apesar de praticar o pebolismo apenas medianamente, tinha em Diego Souza uma válvula de escape.

Impiedoso, o anão entregou a 10 do menino Edson para o coitado. Resultado: A partir de então o palmeiras só tomou ferro.

E o caminho finalmente ficou aberto para o Internacional.

Eis minha teoria: O campeonato está assim todo enrolado e malamanhado porque encontra-se sob o signo de Dunga, aquele que não entende a vida sem dificuldade. E, por tudo isso, o Internacional finalmente será campeão.

Porém, se os fatos desmentirem minha tese, publique-se a versão e botem a culpa no técnico Carlos Caetano.

P.S Sei que alguns vão dizer que ele também tirou Sandro do Inter para colocar na seleção. Mas, convenhamos: Sandro não faz falta nem no meio de campo do meu baba lá em Itapuã.

Franciel Cruz