Celeiro de Ases

O dado curioso na convocação do volante Sandro para a seleção brasileira é que ela é parecida com as de Nilmar e Alex: todos foram chamados por Dunga em meio a especulações sobre suas transferências à Europa.

Sandro merece a convocação, pois vem jogando muito. A questão é que, se repetir Nilmar e Alex, sua participação no selecionado dunguista deve ter como conseqüência imediata a valorização do seu passe e sua venda à Europa. E a única conclusão possível será que o futebol não é prioridade da atual direção do Internacional.

Vitório Piffero e Fernando Carvalho costumam dizer que o Internacional precisa vender pelo menos um jogador por ano para manter as finanças em dia. Este ano já foram três: Alex, Edinho e Nilmar.

Dirá o colorado oficialista (valeu, Ernesto) que para cada jogador vendido o Inter traz um substituto a altura, o que não chega a ser mentira. Mas há uma série de problemas nesta política QUANTITIVISTA do Internacional, se é que existe a palavra quantitivista.

Jogadores consagrados como Fabiano Eller, Edu, BAMBAM  e o lateral-direito búlgaro chegam ao Inter com o campeonato mais importante do ano em andamento e eles sem condições imediatas de jogo. Além disso, vem chamando atenção as contratações em massa da direção, trazendo uma penca de jogadores que nem o mais fanático e desocupado dos torcedores teria condições de nominar.

Esta quantidade de jogadores treinando no Beira-Rio sustenta, desde 2007, o mito de que o Inter tem o melhor elenco do Brasil. Se estivéssemos em uma novela da Globo, até poderia ser útil. Mas num time de futebol esta política não vem dando resultado.

De que adianta um lateral direito búlgaro se Bolívar precisa ser escalado a força? Por que ter mais estrangeiros no grupo que o permitido? Qual é o sentido de ter trinta e dois zagueiros se nenhuma dupla dá certo? É possível manter o controle do vestiário com tantos figurões dentro dele? No fim das contas, o mais importante: de que adiante um grande elenco se o diretor não é nenhum SCORSESE?

O pior de tudo é que esta movimentação de jogadores no Beira-Rio parece ser uma política da atual direção, que após as conquistas de 2006 instituiu a revolucionária prática de rever o decantado planejamento na metade do ano.

Em 2007, na ressaca pós-Libertadores, Abel Braga comandava o vestiário colorado como um avô cuida dos netos. A solução foi sua saída para a chegada de Alexandre Gallo, que conquistou a Recopa, mas cuja principal atividade foi esquentar o banco para que Abel voltasse alguns meses depois, em meio ao Brasileirão. Abel durou até o início do Brasileirão 2008, para a chegada de Tite. A cada metade de ano, a direção vendia e trazia jogadores. Em 2009, houve um agravante: o time mudou, mas o Pastor segue no cargo.

Não se pode dizer que 2009 não valeu nada até agora, pois o Internacional chegou à final da Copa do Brasil. Tampouco o ano está perdido: depois da anarquia no vestiário e do vexame contra a LDU, o time ainda se mantém no G4 do Brasileirão. No entanto, mais longe não irá, neste e nos próximos anos, se a direção não continuar transformando o Celeiro de Ases numa granja de engorda de jogadores de futebol.

Um abraço,
Daniel Cassol