Os niños mártires chegam aos 96 anos
24/08/2009 at 11:00 Daniel Cassol 37 comentários
O jornalista e historiador brasileiro Júlio José Chiavenatto escreveu o seguinte sobre uma batalha tragicamente singular na Guerra do Paraguai, chamada, no Paraguai, de Guerra de la Triple Alianza ou Guerra Grande.
“Acosta Ñu foi uma das mais terríveis batalhas da história militar do mundo. De um lado estavam os brasileiros com vinte mil homens. Do outro, no meio de um círculo, os paraguaios, com três mil e quinhentos soldados de nove a quinze anos, não faltando crianças de seis, sete e oito anos! Junto aos três mil e quinhentos paraguaios, combatiam quinhentos veteranos comandados pelo General Bernardino Caballero. Esta batalha, ocorrida em 16 de agosto de 1869, foi necessária para que o Marechal Francisco Solano López continuasse sua retirada do quartel general de Ascurra, e seguisse com segurança até Cerro Corá, enquanto os ‘niños combatientes’ retardavam as tropas brasileiras. Acosta Ñu é o símbolo mais terrível da crueldade desta guerra: as crianças de seis a oito anos, no calor da batalha, aterrorizadas, se agarravam às pernas dos soldados brasileiros, chorando, pedindo que não as matassem. E eram degoladas no ato. Escondidas nas selvas próximas, as mães observavam o desenvolvimento da luta. Não poucas empunharam lanças e chegaram a comandar grupos de crianças na resistência”.
Em memória dos “niños mártires de Acosta Ñu”, o Dia da Criança no Paraguai é comemorado no dia 16 de agosto. E foi em homenagem a eles que o clube Rubio Ñu foi fundado com este simpático nome no dia 24 de agosto de 1913.
Monumento no município de Eusébio Ayala, local da batalha.
Moradores do bairro Trinidad, todos os fundadores do Rubio Ñu tinham menos de 18 anos de idade. Foi preciso que um comissário de polícia, ou algo assim, assinasse os estatutos, como responsável da patota.
Freqüentador assíduo da segunda divisão, o alviverde milita desde o início do ano na primeira, após uma parceria que entregou o gerenciamento do futebol a alguns ex-jogadores paraguaios, como Carlos Gamarra. O técnico é Francisco Arce, que vem extraindo leite de pedra (a equipe é quarta colocada no Clausura). O destaque da equipe é Pablo Velázquez, atacante que deve estar sendo vendido ao River Plate.
A parceria dos ex-jogadores do futebol brasileiro já foi retratada nas páginas do Impedimento e também em veículos da imprensa nanica, como o Esporte Espetacular, da Globo.
Na minha curta vida de morador do bairro Trinidad, foi um DELEITE observar como funciona um time de bairro. Bandeiras verde-branco nas casas, armazéns com cartazes da campanha de arredação pro clube, festa para inauguração da nova arquibancada e uma torcida pequena, mas fiel, que lota La Arboleda em todas as partidas.
O alçapão de La Arboleda.
Mas a esta altura da prosa o vive deve estar se perguntando: se a batalha foi chamada de “Acosta Ñu” (no Brasil é conhecida como a Batalha de Campo Grande), por que o nome é Rubio Ñu?
Pois.
Esta matéria do ABC diz que Acosta Ñu e Rubio Ñu foram dois nomes que se deram ao mesmo local (ñu, em guarani, significa “campo”). Já neste áudio um senhor, pelo visto torcedor histórico do Rubio Ñu, dá uma outra explicação sobre a origem do nome, dizendo que foram dois campos diferentes onde ocorreu a batalha.
De qualquer modo, longa vida ao Rubio Ñu.
Um abraço,
Daniel Cassol
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1. Diogo F | 24/08/2009 às 12:36
Não que um mero relato sem juízo de valor como esse deixe de ser confiável por isso, mas segundo o mestre OLAVÃO a obra do CHIAVENATTO sobre a Guerra do Paraguai não vale o peso que faz na balança.
2. Gustavo | 24/08/2009 às 12:52
A opinião de Olavão também é de valor muitíssimo questionável.
Desconhecia completamente essa passagem da história. Só de imaginar a cena me deu um tremendo NÓ na garganta. Olhos mareados também.
3. J Petry | 24/08/2009 às 13:05
Não seriam 96 anos?
4. Daniel Cassol | 24/08/2009 às 13:16
ahahahahahaha
Cassol, maior matemático da terra.
5. Luís Felipe | 24/08/2009 às 13:24
argh.
argh.
argh.
segundo parágrafo = pior leitura possível depois do almoço.
6. vicente | 24/08/2009 às 13:57
o exército brasileiro e suas façanhas!
meu vô contava uma história ótima de como eles MICHAVAM os fuscas alemães na 2° guerra.
7. Cara-pintada | 24/08/2009 às 14:21
Pô, ninguém vai comentar sobre a louvável atitude do Comando Militar Paraguaio, em recrutar crianças para ir ao front?
A Argentina por muito menos é criticada até hoje.
E além disso essas crianças recrutadas por ele, segundo o relato, foram utilizadas para facilitar a fuga deste grande estadista, Solano Lopez, que instaurou a primeira democracia na América do Sul, e que jamais agrediu o Brasil (tudo fofoca da Inglaterra).
Deveríamos, pois, levar nossas mulheres para a fronteira para recepcionar Lopez e seu exército, e garantir sua entrada em segurança no Brasil até o RJ, onde seria declarado imperador do Brasil.
8. Yuri | 24/08/2009 às 14:31
Até entendo o sentimentalismo de alguns… mas caras, guerra é guerra… vai dizer que se estivessem lá, não matariam igual?? Não deve-se subestimar o adversário, mesmo este sendo uma criança.
9. Daniel Cassol | 24/08/2009 às 14:32
Pessoas MELHOR ESCLARECIDAS, juiz nordestino, guerra é guerra. Tá bom o Impedimento hoje.
10. vicente | 24/08/2009 às 14:43
eu não matava criança nenhuma no paraguai. vai que é filho do presidente…
11. Sidney | 24/08/2009 às 14:48
Porra, ninguém leu o livro do Doratioto?
12. Gustavo | 24/08/2009 às 16:14
#9: o que falou em juiz nordestino é o mesmo do guerra é guerra.
Crianças.
C
R
I
A
N
Ç
A
S
20.000 contra 3.500. VTC.
13. Historiador | 24/08/2009 às 16:29
Absurdo? é, e cruel, vexatório, nojento, cruenta injustiça e tudo o mais. Só que é a MESMA COISA que atacar civis como TODOS os beligerantes do mundo FAZEM em TODAS as guerras.
Guerra é uma bosta, um flagelo, mas acho que foi nesse sentido que o cara disse “guerra é guerra”.
14. Historiador | 24/08/2009 às 16:32
Lembrando também de como arregimentavam os tais “voluntários da pátria”. Eram adolescentes, pessoas famélicas, escravos, doentes, pobres…
nessa seara, tudo é degradante.
15. Rudi | 24/08/2009 às 16:33
em NENHUMA guerra existem bonzinhos ou “injustiçados”
16. Historiador | 24/08/2009 às 16:37
Cassol e Gustavo,
Li o comentário acerca do juiz nordestino, e não notei nenhum caráter depreciativo. Até porque DIZEM que há características de como apitar do juiz gaúcho, europeu, o escambau. Não sei porque foi ofensivo a menção do Yuri ao estilo (se é que existe um) nordestino de apitar.
Ah, em relação às crianças, relembro aos senhores que houve uma CRUZADA que é alcunhada de Cruzada das Crianças. Ou seja, a ridícula prática de levar ninfetos ao fronte é antiga, infelizmente
17. Alexsander | 24/08/2009 às 16:49
Porra, ninguém leu o livro do Doratioto?
Doratioto DEMOLIU os desvarios de Chiavenatto, que não soube separar ideologia e rigor histórico. Qualquer análise da Guerra do Paraguai sem se basear em Doratioto é totalmente desprovida de crédito.
18. Junior | 24/08/2009 às 17:32
Pior é ler as besteiras do Paulo Brossard na Zero Hora, dizendo que o Lula fez um “grande favor” ao Paraguai nas renegociações sobre Itaipu. O Brasil explorava o Paraguai pagando valores ridículos (acertados entre duas ditaduras, é bom relembrar). Com qualquer país mais rico, o Brasil pagaria muito mais, mesmo com os valores renegociados.
Rudi, #15, não há justificativa para degolar crianças. Até na guerra é preciso respeitar limites.
19. Rudi | 24/08/2009 às 18:04
Junior, não, com certeza…
mas digo essa dualidade de numa guerra “paraguai bonzinho e br.ar.uy bando de filhos da puta”
numa guerra TODOS comentem atrocidades dos 2 lados
e sim, isso é uma merda, não acho certo
20. fino IN MEMORIAN | 24/08/2009 às 18:13
rumours of war
_\|/_
21. marlon | 24/08/2009 às 18:48
PARARAN PARARAN PARARAN
PARARAN PARARAN PARARAN
TARAMTTTTTT TARANTTTTDANDAN
TARAMTTTTTT TARANTTTTDANDAN
HOOOLY WAAARS
lml lml
22. Felipe (o catarina) | 24/08/2009 às 18:51
lembro que minha professora na oitava série ou primeiro ano do segundo grau contou uma passagem sobre uma batalha na Guerra do Paraguai com crianças e que o comandante brasileiro, depois de todo mundo já rendido, mandou tacar fogo nos guris. Vai ver é essa aí.
Lembro que aquela história do 300 de “- Temos flechas suficientes para cobrir o Sol; – Então vamos lutar na sombra” ela contou numa aula também na oitava série ou primeiro ano. Era uma baita professora (mesmo não sendo gostosa).
23. André | 24/08/2009 às 19:30
Eu já ouvi de uma professora, que o Duque de Caxias mandava jogar os corpos dos mortos no rio pra contaminar a água de vilarejos paraguaios.
Mas o que falta são histórias que satanizam o Brasil nessa guerra.
24. André | 24/08/2009 às 19:31
Corrigindo:
Mas o que NÃO falta são histórias que satanizam o Brasil nessa guerra.
25. marlon | 24/08/2009 às 19:42
bá, eu lembro praticamente NADA das aulas de segundo grau – mas pensava, “não é possível, o paraguai era quase uma potência e virou essa falcatrua total?”.
na 8a série tive uma professora de português que era assim, uma SYLVIA SAINT baixinha.
26. marlon | 24/08/2009 às 19:44
é mesmo, tive um professor de história no anchieta que no recreio descia as escadarias já esmurrugando um orégano ali da VILA DO MIJO. mazá galo cinza.
27. Aluno aborrecido | 24/08/2009 às 20:33
nunca o colégio cumpriu sua função social comigo…não tive UMA professora gostosa durante aqueles anos que o MUST era dar uma reladinha nas coxas, bundinha e peitinhos das coleguinhas
28. Anônimo | 24/08/2009 às 23:24
Afinal, o Cassol leu o livro do Doratioto, ou leu só o do Chiavenatto?
29. Prestes | 24/08/2009 às 23:31
Nessa das crianças, se é verdade, os paraguaios começaram a cagada mandando as crianças lutar, e o Brasil completou de maneira absurda.
30. Prestes | 24/08/2009 às 23:34
Segundo meu coroa, historiador, o Chiavenatto se passou um pouquito. Analisou o Paraguai como um país que desafiava o imperialismo etc, o Solano Lopez como um grande estadista, o que seria balela.
31. Prestes | 24/08/2009 às 23:56
O Cassol não é petista, gurizada. Olha só o TIO dele:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u614359.shtml
32. Camilo | 25/08/2009 às 00:29
No meu caso, a professora descreveu o Paraguai como um EIXO DO MAL e a triplice aliança como os salvadores da pátria…
Por isso que colegio particular só cria BUNDINHA
33. zobaran | 25/08/2009 às 01:04
É muito legal quando um texto nasce tão descaradamente de um comentário.
E ainda melhor quando os comentários são sobre professoras gostosas dos tempos de colégio. Tive algumas. A melhor era de matemática na 7a ou 8a.
34. Júnior CRF | 25/08/2009 às 13:44
Não tem certinho ai, quem começou a errar foi o Paraguai ao recrutar crianças para o exército, com o fim de proteger um ditador que, embora procurasse desenvolver seu pais, não respeitava os vizinhos.
Em guerra todos tem razão, mas ninguém é santo.
35. Alexsander | 25/08/2009 às 13:59
“Eu já ouvi de uma professora, que o Duque de Caxias mandava jogar os corpos dos mortos no rio pra contaminar a água de vilarejos paraguaios.”
Esta é mais uma MENTIRA do jornalista Chiavenatto que foi devidamente desmascarada pelo historiador Doratioto, em sua pesquisa de 15 anos. O jornalista menciona uma suposta correspondência (entre líderes brasileiros e argentinos) que comprovaria esta história. Doratioto visitou arquivos e museus em todo o continente e não achou NADA, nem uma menção.
36. Lucas | 29/04/2010 às 16:41
Numa guerra, cada lado conta o seu lado da história e bota o outro lado como vilão.
A Verdade é que o Solano Lopez era um FDP que começou a guerra atacando o Brasil e a Argentina. Não que o Brasil e a Argentina tenham reagido de maneira limpa não, os argentinos inclusive anexaram quase um terço do do território paraguaio.
Mas é claro que os paraguaios vão se colocar de coitadinhos e vão esquecer que o seu amado Lopez botou crianças para lutar para proteger o rabo dele…..
37. Lim Mesquita Campos | 02/05/2010 às 14:13
Há dois livros que li que mostram como isso não pode ser visto como uma batalha do bem contra o mal, seja lá qual lado vocês achem que merecem esses papéis.
O primeiro é Perfis Brasileiros – D. Pedro II, de José Murilo de Carvalho; que mostra que, para o monarca, Solano López era um pérfido Ditador, ampliada por um prisioneiro paraguaio que disse ter medo de ser executado se retornasse. Para o Imperador, alguém que punha tal medo em seus cidadãos devia ser capturado a qualquer custo.
O segundo é História das Guerras – Demétrio Magnoli (Organizador do livro, já que cada guerra é retratada por um escritor diferente – no caso da Guerra do Paraguai, a análise é por conta de Francisco Doratiotto); que mosta que Solano não era um Napoleão ou um Fidel Castro do Chaco como tentaram eternizá-lo, mas um Ditador que, não permitia ao povo os direitos de discordar do governo, liberdade de imprensa; não havia partidos políticos, Judiciário e Legislativo independentes.
Ele até tinha o desejo, sim, que seu país não ficasse a mercê dos dois poderosos vizinhos, mas cometeu o erro tático de confiar demais que Brasil e Argentina jamis se uniriam e de achar que tinha o apoio dos estancieiros argentinos e uruguaios, mas em vez de aliado, foi tratado como invasor.
Lopez ahava que seria apoiado por esses grupos em suas reivindicações territoriais, podendo negociar com os vizinhos em posição de vantagem, mas os governos dos três países ameaçados etavam em mãos de partidos com afinidades ideológicas (conjunção rara na época), e assim assinaram a Tríplice Aliança.