Hacia un Tercer Cine

Há exatos quarenta e um anos, Pino Solanas e Octavio Getino pariam ao mundo o fantástico La Hora de Los Hornos – Hacia un Tercer Cine. Para os que não compreendem o castellano porteño, traduzo: A Hora dos Cornos – Azia na Terceira Série.

Cito isso porque, acusado injustamente de atemporal pelo Douglas Capslocknello, resolvo mostrar que tenho têmporas sim senhor e falarei daquilo que habita as mentes de todos os cidadãos de bem do bar do Jacaré: A Terceirona, a verdeira Libertadores dos povos.

Enquanto vocês têm os olhos voltados para essa Taça Conmebol, eu fico com aquela que promove verdadeiramente o sonho de Marti, Bolívar e San Martin, es decir, la integración de los pueblos en la Patria Grande, do RIO BRANCO ao BRASIL DE PELOTAS.

E apesar da Central Brasileira de Filhosdumaégua, vulgarmente chamada CBF, tentar arranhar a Integração dos Povos, reduzindo o número de peleadores da Terceirona a vinte clubes e acabando com o todos contra todos ao dividi-los em quatro grupos, ainda é aqui que reside o forno da libertação, como já o prediziam Pino e Getino. O fogo que separará o joio do trigo: quatro continuarão a ascensão para a tomada do poder, quatro voltarão para o trabalho de base na série D.

A fome é o nervo de nossa sociedade, já dizia Glauber Rocha, outro Libertador. E o futebol não é diferente. Muito menos La Terceirona, cujo C é abreviatura de Cardápio.

Para entrada temos o Tacacá, iguaria amazônica preparada com um caldo fino de cor amarelada chamado tucupi, sobre o qual se coloca PAYSANDU, LUVERDENSE e RIO BRANCO. Serve-se muito quente, temperado com SAMPAIO CORRÊA e ÁGUIA DE MARABÁ, em cuias.

Em seguida, um prato típico da região nordestina, o Baião de Dois. Um preparado de arroz, feijão e charque, em que o arroz é cozinhado ICASA em CONFIANÇA, com feijão já SALGUEIRO e demais temperos como cebola, tomate, ASA, pimentão e um coentrozinho. Queijo coalho e um GALO DE CAMPINA dão o sabor final.

Sin perder la ternura, seguimos com o Feijão Tropeiro, prato típico da culinária caipira das Minas Gerais. Como se sabe, antes do nascimento dos Irmãos Ford, o transporte das mais diversas mercadorias era feito por tropas a cavalo ou no lombo dos burros, mulas, GUARATIGUENTÁ e afins. Os homens que guiavam esses animais eram chamados de tropeiros. O feijão MIXTO com farinha de mandioca, torresmo, ITUIUTABA, linguiça, ovos, alho, AMÉRICA MINEIRO e outra GAMA de temperos tornou-se a alimentação básicas desses desbravadores.

Por fim, temos o suculento Arroz de China Pobre, que de pobre não tem nada. China, para os que nunca seguraram a cuia de um chimarrão, é a forma gaúcha de designar as filiadas à primeira das profissões. Para se fazer tal arroz é preciso aquecer uma CAXIAS de ferro com banha de porco ou óleo e fritar a cebola, MARÍLIA, alho e a lingüiça cortada em CRICIÚMAS. Quando dourar, chama o MARCÍLIO DIAS e acrescenta o arroz. Frita mais um pouco, cobre com água, põe um pouco de sal e cozinha com a tampa fechada até reduzir a água e o arroz ficar no ponto. Daí é só pôr na mesa e experimentar mais essa delícia desse BRASIL DE PELOTAS.

O Cardápio já está à disposição para degustação desde o último 24 de maio, para a felicidade inicial de paraenses, cearenses, pernambucanos, mineiros e gaúchos.

A mistureba vai continuar engrossando até final de novembro. E não se preocupem com a indegestão, pois como dizia aquele outro Libertador:

Azia é a vitória, siempre!

Mais uma estonteante colaboração de Thalles Gomes.