Era uma vez oito pretendentes

Hoje à noite começa a disputa pelas cobiçadas quatro vagas para as semifinais da Libertadores da América. Eu, que não tenho bola de cristal nem canela de vidro, vou deixar de lado o voodoo e a mandinga para dar uma olhada nas estatísticas e ver o que a história pode nos indicar sobre o futuro da competição.

Os brasileiros

Dos cinco classificados pra Copa, quatro continuam vivos. O único morto tem como causa mortis uma apunhalada de um compatriota: falo da vitória do Palmeiras sobre o Sport Recife.

Junto ao Palestra paulista, temos o outro Palestra (o de Minas Gerias), o Grêmio e o São Paulo com o passado ao seu lado. Das 40 vagas nas semis dos últimos 10 anos, 15 foram preenchidas pro times tupiniquins. Teve espaço até para times pequenos, como o São Caetano, e minúsculos, como o Fluminense.

Caso três deles passem, será um feito histórico para o nosso futebol, já que nenhuma nação colocou tantos times numa única semifinal em toda a história do torneio. Aliás, uma vaga verde e amarela já é certa, e sairá do enfrentamento Cruzeiro e São Paulo.

A última vez que o Brasil não teve representantes nessa fase da competição foi em 1991, quando os nossos times, Flamengo e Corinthians foram eliminados pelo Boca nas oitavas e nas quartas-de-final, respectivamente.

Os uruguaios

Por vezes, a melhor forma de ver o atrofiamento do futebol jogado no Uruguai é colocar o desempenho da nação em números. A terra de Artigas não tem um time entre os quatro melhores dos continentes desde 1989. E, pra completar o drama, a vaga daquele ano fora conseguida pelo Danúbio, que acabou tomando 6 a 0 do Nacional de Medelin – time que viria a ser campeão do torneio naquela edição.

Dessa vez, a responsabilidade está nas jaquetas de Defensor e Nacional. Exatamente a mesma situação de 2007, quando os dois caíram fora nas quartas perdendo para Grêmio e Cúcuta.

O argentino

O Tri-campeão Estudiantes vem beliscar a mais bela dama mais uma vez. Em 2006, o time parou nas quartas-de-final. Ano passado, além do vice da Sul-Americana, o alvi-rubro esteve nas oitavas-de-final da Líber.

Resta saber se o time terá forças para mostrar que a Argentina não se resume ao Boca Juniors, que é o que os números mostram.

O venezuelano

O Caracas pode não ficar na história da Conmebol, mas certamente pode marcar época na Venezuela. Símbolo maior da modernização do futebol no país, o time chega às quartas-de-final pela segunda vez, podendo ser a primeira equipe da nação a chegar numa semifinal de competição continental.

O sobrenatural

Quem viu o Once Caldas e seu goleiro maluco levantando a taça das Américas e viu um resfriado tirar times mexicanos da competição não pode confiar só na estatística. Se o futebol fosse assim, não seria futebol, e sim Volei.

Contudo, é bom ver como ciclos se comportam e como a supremacia está ali, mesmo que não se reverta em títulos.

Também é legal notar a variedade de times do nosso território tocando o terror em adversários. O que era uma realidade nos anos 70 no nosso Brasileirão se expandiu e agora representa uma diversidade de presença em nível continental.

Prevejo, em 10 anos, Bangu e Curitiba decidindo a Copa e tomando, automaticamente, uma lavada de algum europeu de plantão. Todos os gols da tal decisão, é claro, feitos por jogadores nascidos entre o Ceará e Belford Roxo.

Desde já, obrigado.

Eduardo Menezes.