Tudo está bem quando acaba bem

Tudo acaba bem no final. Se não está bem, é porque ainda não chegou no final. Essa frasezinha de autoajuda de quinta categoria deve estar em pelo menos 5.450 perfis no orkut, mas eu, já trintão, a conheci mesmo naqueles recadinhos que as garotas escreviam nas agendas e contracapas dos cadernos dos moleques na época do ginásio (ensino fundamental de cu é rola). E se identifica para cacete com o que aconteceu no Monumental de Santiago na noite de ontem, pelo menos se relacionado com o que rolou aqui no 13º andar da Avenida General Osório, na mui nobre Manchester Paulista.

Como já sabem os nobres ImpedConfrades, este escriba se equilibra para torcer e evitar dissabores à mãe de seu filho em pleno sétimo mês de gestação. Desta vez, porém, havia um problema: o jogo seria às 21h50 mas não passaria na Globo, então se por um lado eu não precisaria fingir atenção aos descaminhos hindus, por outro teria de dar meus pulos para ver a partida, já que a maldita Net resolveu entrar em greve aqui em Sorocaba e cortar o sinal do SporTV já há uma semana, entre outros canais de menor necessidade.

Assim, por volta das 20h30 já entreu no Roja Directa e comecei a me informar sobre como poderia assistir à partida. E há um detalhe que não relatei da outra vez: minha mulher é corintiana. Ou ao menos se diz, embora só saiba escalar do time “o Ronaldo, claro, o Chico, não, Chicão, né? Ah, e tem o Felipe” – na verdade ela diz isso muito mais para pentelhar do que por qualquer paixão clubística, embora nos últimos meses venha, com a presença do Fofômeno em campo, se interessando mais pelo ludopédio e tentando sugerir que vai levar o Davi, nosso rebento, ao caminho do mal.

Fato é que, assim que o Laririê Tchuribikaba se encerrou e o Plim-Plim anunciou o início da jornada futebolística, ela se manteve no sofá impávida e disse “Vamos ver o Timão, filho”, enquanto eu me aboletava no sofá ao lado dela com um olho no peixe e outro no gato, ou melhor, no porco, que pintava na tela do laptop estrategicamente colocado alguns metros ao lado da TV. (Ah, a vida em apartamentos…)

E foi divertido ver o Corinthians se dando mal, para variar um pouco, embora fosse o popular consolo de pobre, já que o Palmeiras acumulava bolas na trave e cances de gol desperdiçadas à mesma medida que cresce o ROMBO no meu cheque especial.

Chegou então o intervalo da jornada global e minha amada se deslocou para o quarto, para acompanhar com mais conforto a peleja de “sua” equipe. Fiquei junto até recomeçar o jogo, e quando voltei ao computador estava feita a catástrofe: os canais do Justin.TV, acessados via Roja Directa, se recusavam a ser exibidos no meu computador, sabe-se lá o porquê. A muito custo consegui começar a acompanhar a partida no Chile via FoxSports, com uma imagem embaçada pacas, e nada de o Palmeiras fazer o maledeto gol que cumpriria minha PROFECIA de ontem. E aí é aquela coisa de começar a dar tudo errado, e Marcão ser expulso de forma idiota (pleonasmo), o monstro Pierre sair machucado, Diego Souza ter enjoos em campo, e ao mesmo tempo o Corinthians achava dois gols e escapava de uma eliminação certa para o que parece ser uma classificação TRANQUILA – registre-se que Dona Camila já estava em seu oitavo sono quando saiu o primeiro gol corintiano, o que a fez despertar até o fim.

E então o jogo de Curitiba acabou, e deixei de lado los muchachos de FoxSports para ficar com Cléber Machado. E tome mais sofrimento, com o chute do Willians espalmado pelo goleiro, a cabeçada do Mauricio Ramos que passou LAMBENDO o travessão.

E então veio o chute do CLEITON XAVIER. No momento em que eu já via a viola em cacos, e meu desânimo era tal que, assim que o chute saiu, eu olhei para baixo e lamentei mais uma chance perdida por milímetros. E qual não foi minha surpresa quando eu ouvi o grito “GOLAÇO” do melhor locutor do Carnaval carioca que a Globo teve nos últimos cinco anos. Olhei de novo e, incotinenti, comecei a pular e sacolejar na cama, para desespero da patroa, a essa altura já irremediavelmente desperta.

Os últimos minutos foram de puro sofrimento (quem tem Mauricio Ramos tem medo, já dizia o poeta), mas vencemos, passamos adiante. E eu me lembrei então da frase que abre esse texto: deu certo, o final chegou. Quer dizer, ainda é só o começo, se quisermos ser campeões, mas pelo menos o final desta noite foi feliz. Nas próximas, pensarei a partir de sexta-feira.

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Nas oitavas-de-final, o Palmeiras pode pegar de novo a SARNA em que o Sport se transformou nos últimos anos. Os pernambucanos, registre-se, passaram em primeiro no “Grupo da Morte”, com a vitória por 3 a 2 sobre La Liga em Quito, com direito a dois POMBOS SEM ASA de Andrade, num dia em que os brasileiros tiraram pra praticar tiro ao alvo en la Copa.

Também nesta noite se encerrou o Grupo 6: o Caracas confirmou o primeiro lugar da chave ao empatar por 1 a 1 com o Lanús, na Argentina, mesmo placar da peleja entre Everton e Chivas, na aprazível Viña del Mar, que resultou na classificação dos mexicanos e na eliminação dos chilenos, que se despediram da fase de grupos com apenas um classificado, La U, a única equipe que conseguiu parar el Grêmio copero y peleador.

Fernando Cesarotti
Foto: AP/Terra