A Batalha de Gravataí

Nesta tarde os olhos do mundo voltaram-se para Gravataí – e não estavam preocupados com a crise na General Motors. No alçapão do Antonio Veira Ramos, sob o forte sol que reluzia no amarelo das arquibancadas, Cerâmica e Pelotas jogaram a primeira final da competição mais importante do hemisfério sul. O empate sem gols não diz o que foi a contenda. E só se fala em outra coisa no Rio Grande do Sul.

As equipes já haviam se enfrentado na primeira fase da Copa Lupi Martins. Empate em 1 a 1 na Boca do Lobo, em Pelotas, e vitória do Cerâmica por 2 a 1 no Vieirão. Para chegar à final, o time metropolitano eliminou Grêmio, Internacional e Novo Hamburgo. Já o time da Zona Sul deixou para trás o Guarani de Venâncio, o Riograndense e o Caxias.

Jogando de azul, o Pelotas foi quem mais teve chances de chegar às hostes inimigas. Experiente, Sandro Sottilli aparecia como um bom organizador de jogadas de ataque, apesar de trotear em campo. Mais perigosos eram o ala Xaro, com seus cruzamentos infernais, os meias Ijuí e Cléber, este último errando dois gols feitos, além do ponta Thiago Duarte. Na defesa, o imortal Aládio cuidava da segurança aureocerúlea.

Dangelo e Cidinho, destaques do Cerâmica, poderiam ter feito melhor figura, mas ainda assim foram os autores das melhores jogadas de ataque do time local. Posto que o Pelotas era quem atacava mais, cabe menção ao goleiro Donizetti, de boas defesas, e ao firme zagueiro Bolacha, que além do apelido destacou-se pela firme e tranqüila atuação na defesa.

Merecedor de trapo da torcida, Márcio Maia tem 33 anos e, segundo contou ao repórter Felipe Bueno, da TVCom, atuou por quatro anos no futebol do Marrocos, no Raja Casablanca, tendo jogado contra o Corinthians no “Mundial de Clubes” de 2000. No entanto, aqui ele não aparece, a menos que por lá o chamassem de Misbah, Talal ou Jrindou. 

Mas converso fiado.

O BONITO deste enfrentamento é que põe em evidência duas equipes com história e torcida no futebol gaúcho. O centenário Pelotas, que encara a Copa FGF como o Internacional encara a Sul-Americana, vê na competição a chance de salvar o ano – já que os planos de voltar à primeira divisão gaúcha caíram por terra no primeiro semestre e só o título do carnaval fica até chato para a massa lobense. E o Cerâmica, embora há pouco mais de um ano no futebol profissional, honra sua história que vem sendo construída desde 1950 com organização e profissionalismo da atual diretoria.

Além disso, o campeão terá direito de participar de uma competição nacional – a Série D do ano que vem ou a Copa do Brasil de 2010.

Por tudo isso, o Vieirão recebeu ótimo público hoje à tarde, de parte à parte, mesmo cenário que será vivenciado na Boca do Lobo neste domingo, às 20h, quando ocorre a partida de volta da grande final. A decisão terá transmissão da TV Com.

Um abraço,
Daniel Cassol
Fotos: site do Cerâmica.