Peru de fora

A menos que tu seja um torcedor xavante e esteja com a cabeça enfiada numa cumbuca desde domingo, já deve saber que Joseph Blatter colocou o Peru para fora do quadro de afiliados da Fifa, abrindo a Caixa de Pandora dos trocadilhos infames. Mas o comitê executivo da entidade se reúne nos dias 19 e 20 de dezembro, em Tóquio, e poderá revogar a suspensão. Para isso, o mundo do futebol peruano terá de se entender.

O objetivo geral deste post é estabelecer um mapa dos interesses no futebol peruano e ver como estão se comportando os cabeças que podem solucionar a pendenga. Acompanhem na lousa o raciocínio do Prof. Cassol.

Ontem, a Conmebol publicou no seu site a decisão da Fifa, afirmando que suspensão se deve à “grave situación interna que vive el fútbol peruano, el cual sufre evidentes intromisiones de parte de su Gobierno Nacional, lo cual es condenado explícitamente por el estatuto de la FIFA”. O texto também informa que o comitê executivo da Conmebol e os presidentes das associações nacionais de futebol da América do Sul ficaram todos ao lado de Manuel Burga, presidente da federação peruana, “electo democráticamente en octubre de 2007”.

A Fifa, por seu turno, lamentou que “las autoridades gubernamentales peruanas a cargo del deporte no hayan aprovechado en ningún momento las numerosas invitaciones al diálogo (…) desde hace más de dos años”, acrescentando que “el regreso de la FPF al seno del fútbol mundial y sudamericano solamente será posible sobre la base de una negociación con el Presidente y la Junta de la FPF que fueron elegidos en octubre de 2007”.

Se a suspensão for confirmada, o mais provável é que as três vagas restantes na Libertadores 2009 sejam sorteadas entre as federações nacionais. O presidente da FGF, Francisco Noveletto, que há pouco havia descolado uma viagem para Montevidéu para LANÇAR O GAUCHÃO 2009, se encontrava ontem em Assunção e disse ao GloboEsporte.com que tinha o “sentimento” de que a Conmebol tomaria esta decisão.

No Peru, lamentou-se muito. Mas os dois sujeitos que poderiam resolver a situação se mostram irredutíveis.

O blog Pasión Popular qualificou a segunda-feira, 24, como “el día más triste en la historia del fútbol peruano” e apontou dois principais culpados: Woodman e Burga. O primeiro, presidente do Instituto Peruano do Desporto, porque “se ha dejado llevar por el conflicto personal que tiene con Manuel Burga”. Já o segundo, presidente da FPF, por “sostenerse en un cargo en el que ya mucho daño ha hecho”.

O blog ainda defende que seja realizado um acordo entre os dois até a reunião do Comitê Executivo da Fifa. “Buscar una salida, que parece distante en estos momentos”.

Woodman afirmou que estava triste, mas que a culpa era de Burga. E não haveria diálogo. “Si Burga se empecina en seguir en la FPF el dialogo será de sordos. (…) Burga no puede ser dirigente al estar sancionado por el Consejo Superior de Justicia y Honres del Deporte”, indicó.

O presidente do IPD ainda disse que a FPF “no puede ser oficializada porque no ha sido aceptada en el registro (público)”, motivo pelo qual seriam as assembléias de base do futebol peruano “las que tienen que intervenir y tratar de resolver el problema”. E defendeu que se convoquem novas eleições para a federação.

Direto mesmo foi Luis Pizarro, presidente da associação que reúne os clubes peruanos: disse que Manuel Burga deveria renunciar “por dignidad”.

“No tengo idea de qué será lo que piensa hacer Burga, pero creo que la situación ha llegado a un nivel tan delicado que él debería tomar su mediana conciencia y dar un paso al costado por dignidad”, afirmou.

Por sua vez, o congressista Juvenal Silva afirmou que apresentaria hoje um projeto de lei que levaria à convocação imediata de novas eleições na FPF. E pediu que o governo peruano saque Arturor Woodman da presidência do IPD.

“Es urgente y de necesidad que el proyecto sea aprobado para solucionar el problema con Fifa. La propuesta busca que sean los clubes los que convoquen a la asamblea de bases para que no diga la FIFA que acá hay intervención del gobierno. Perú no está para líos de dos personas, si los clubes aceptan la remoción de Burga el gobierno debe hacer lo mismo con Woodman”, disse ao site Ovacion.

Burga, no entanto, não tem dado mostras de que vai pedir o bonéu. Em Assunção ontem, já tratava de lavar as mãos: “Pido disculpas por este trago amargo, que no es mi culpa, que es parte de un problema que se generó hace años, tengan fe que vamos a revocar esto”. Sobre quando pretendia vazar da FPF, disse: “El día que termine el mandato, en octubre del 2010”.

E acrescentou, segundo a Agência Andina: “A pesar del clamor popular no voy a renunciar porque si nos guiaramos de las encuestas, entonces todas las autoridades del Perú dejarían sus cargos”.

E disse que solicitará uma audiência com o presidente Alan García. “He invocado al señor Presidente, que tiene una gran capacidad de diálogo, porque no se puede llegar a estos extremos. Los únicos que pueden destrabar esto es el Presidente y el Ministro de Educación”, completou.

O chefe do gabinete ministerial (tipo “primeiro ministro”) do Peru, Yehude Simon, disse que o governo não irá se meter. “Este es un tema exclusivamente deportivo, nunca nos hemos metido, pero haremos el camino necesario para poder resolverlo”, assinalou, não sem antes declarar que aha que Burga “debe dar un paso al costado”

Por fim, o presidente da Subcomisión de Juventud y Deportes del Congreso, Renzo Reggiardo, também defendeu novas eleições para a FPF, a partir da assembléia dos clubes e federações regionais, e sentenciou: “El único responsable es Burga que quiere entornillarse en el sillón de la FPF y no quiere dejar el cargo pese al clamor popular”.

Eis o quadro.

Aqui pra somar,
Daniel Cassol