O Xavante morreu. Viva o Xavante!

Estava tudo certo. Vivo na última rodada, bastava um empate para o Brasil de Pelotas subir à Série B, já que Águia e Duque de Caxias perdiam. Mas o Xavante morreu na praia. Ou melhor, na floresta, Arena da Floresta, para manter a metáfora com a natureza. Pelo menos houve dignidade: perdeu logo de quatro, pra não dar falsas esperanças à torcida.

A derrota foi tão inapelável que um vivente de nome TESTINHA marcou duas vezes para o Rio Branco. Sharlei descontou para o time gaúcho. No fim, as vagas na Série B do ano que vem ficaram em boas mãos: Atlético-GO, por ter demonstrado ser de fato uma boa equipe, depois de ter eliminado o Grêmio na Copa do Brasil e chegado às semifinais do campeonato goiano; o Guarani, pelo respeito à tradição; o Campinense, pelo entusiasmo da torcida; e o Duque de Caxias, sei lá, por ser do Ridjanêro.

Difícil não se lamentar pela rateada xavante. Se os dois empates no Bento Freitas tivessem se transformado em pelo menos uma vitória, a esta altura a população rubronegra de Pelotas estaria se afogando no Laranjal e o prefeito Fetter Jr. já teria decretado ponto facultativo para esta semana – e situação de calamidade pública.

Mas esta não será uma boa semana para os xavantes. Até porque na avenida Bento Gonçalves há um rival louco para terminar o ano do centenário com faixa no peito e taça na despensa. O Pelotas venceu o Caxias por 1 a 0 e está na final da Copa FGF, onde enfrentará o digníssimo Cerâmica que, depois de bater as equipes B de Inter e Grêmio, despachou o Novo Hamburgo ao empatar em 1 a 1 fora de casa. Com o Pelotas disputando a final e o Brasil eliminado, a rivalidade se acirra. Parece que a Brigada Militar deslocará um contingente para as redondezas do Café Aquárius, onde os veteranos freqüentadores prometem debates acalorados entre as taças de café com leite.

Pela segunda vez em três anos, o Xavante belisca a Série B. Pode ter repetido erros que o levaram ao fracasso em 2006 e novamente terá dificuldades para se reerguer desta custosa Série C, mas sai da competição fortalecido na relação bipolar com a torcida e com a faca e o quindim na mão para fazer de 2009 um ano de novas visitações. Basta não ratear.

Não que sirva de consolo, já que respeito e admiração não pagam as contas. Mas ficou de muito bom tamanho a campanha Xavante, que sem estrutura e com um time modesto garantiu-se na Série C do ano que vem, com a participação decisiva de alguns jogadores que definitivamente entraram para o PANTEÃO de heróis da Baixada. E cabe uma menção honrosa à brava “torcida de pedreiros e picolezeiros” do Xavante, que jogou mais que o time e fez o futebol ficar menos insípido neste segundo semestre de 2008.

Venceremos,
Daniel Cassol
Foto: Zero Hora