Louco empate em clássico matreiro

Nada como um Gre-Nal para atiçar nossa fúria pelo debate gratuito. E o clássico deste domingo supriu de maneira formidável esta demanda, especialmente no que tange à jogada que originou o empate do Grêmio, às burrices de Sexy Roth e ao crescimento do time colorado – que jogava com a corda no pescoço.

Nós, macacos velhos na arte da rivalidade, sabíamos que dificilmente as coisas transcorreriam da forma como se anunciavam, com o Grêmio vencendo facilmente. Porque um grande embate como este acaba nivelando as coisas, nem que seja pela necessidade extrema do time que está em pior situação. A única forma de acontecer uma goleada ou triunfo fácil em um Gre-Nal é quando os dois times estão em pé de igualdade. Nem os colorados da década de 1970 nem os gremistas dos anos 90 puderam vibrar com grandes escores contra os rivais.

Nossos exibidos técnicos fizeram questão de surpreender logo na escalação. Sexy colocou William Magrão no lugar de Rafael Carioca, tentando impedir a equipe de jogar e demonstrando todo seu coloradismo. Já o pastor e professor Tite lascou TAISON em vez de Adriano ou Preta Gil, pretendendo que os jogadores da meia-cancha auxiliassem Nilmar, mais sozinho que cunhada em lua-de-mel.

Na primeira etapa, apesar do Grêmio apresentar mais iniciativa, era o Inter que mostrava lucidez e precisão nas jogadas. O bom trabalho de meio-campo de Magrão e Guiñazu possibilitava que TAISON e Alex pudessem auxiliar Nilmar. As jogadas pelas pontas com o jovem TAISON, aliás, foram as melhores alternativas vermelhas. Mas o gol saiu de falta. Marcão cabeceou e, após grande defesa de Vitor (que novamente foi muito bem), Índio tocou para as redes. O Grêmio mostrava bastante dificuldade em passar da postura defensiva para um biriri mais ofensivo, com seus atacantes escondidos entre o triunvirato de defesa do Inter, com Edinho, Índio e Sorondo – talvez o melhor em campo.

Na segunda etapa, o time tricolor mostrou bastante volume de jogo, mas não conseguia entra na área do Inter. Seus dois laterais não chegavam à linha de fundo nem conseguiam aproveitar a ruindade de Marcão, que teve a cobertura até do Corpo de Bombeiros. Eduardo Costa, Perea e, principalmente, Roger não faziam boa partida, atuando de forma embolada e pouco inteligente. Dessa forma, mesmo recuados, foram os colorados que tiveram mais chances, especialmente com Alex e Ramón, que concluíram no post. Uma partida equilibrada em termos gerais, mas com o Inter levando bem mais perigo, podendo aé ampliar o marcador.

Mas de repente, não mais que de repente, Renan, que até então não fizera uma defesa importante, apanhou um cruzamento, chocou-se com um gremista e lançou Nilmar. O lance foi interrompido por Alício Pena Júnior, que foi assuntar com o bandeira. O bandeira falou-lhe algo no ouvido, mordeu o LÓBULO e deu uma piscadela. Pena Júnior expuslou Renan e marcou penal, pois o goleiro havia deixado a perna no atacante Rodrigo Mendes, renascido do Reino das Chinelinhas. Decisão confusa, polêmica e, na minha visão, equivocada e caseira. Porque Renan já estava com a bola sob seu domínio quando atingiu o gremista e a partida havia prosseguido com a reposição. Se o juiz tivesse visto e marcado, muito bem. A grande questão é saber por que diabos o bandeira demorou duas eras glacias pra apertar o DISPOSITIVO daquele pedaço de pau que ele segura tantas vezes na vida. Mas Roger cobrou e deixou tudo igual.

Mas bem. Clássico tem dessas coisas. Para o Inter, vale a boa partida que fez e algumas participações individuais importantes, como TAISON, Sorondo e Nilmar. Ao Tricolor, importante foi não ter perdido um clássico onde seu treinador postou o time como um ninho de ratos, onde ninguém sabia o que fazer em campo.

Em breve, o compacto.

E preparem sua reserva emocional, pois teremos mais TRÊS clássicos em breve, um disparate infundado do destino futeboleiro que só desvaloriza o Gre-Nal e coloca nossa saúde em risco.

Saudações,
Douglas Ceconello.